A crescente aposta das livrarias e editoras na secção infanto-juvenil é uma realidade visível. Apesar das novidades que têm atingido o mercado da literatura infantil e juvenil, como o sucesso dos livros fantásticos, a aposta no campo da ilustração e o surgimento dos álbuns, os clássicos da literatura para os mais pequenos mantêm-se vivos e presentes nas preferências das crianças. Esta quarta-feira comemora-se o dia internacional do Livro Infantil.

Em entrevista ao JPN, Alice Vieira, escritora veterana da literatura infanto-juvenil portuguesa, afirma que “as crianças e os jovens lêem cada vez mais, pelo menos enquanto são escolarizados”. A prova disso, diz a escritora, é facto de que “todas as editoras querem ter uma linha editorial destinada aos mais jovens”.

Alice Vieira, para quem a regra fundamental na literatura é a preocupação com a qualidade, considera que o incentivo aos hábitos de leitura é algo que “deve ser feito muito cedo, mesmo antes da criança saber ler”. “Todos temos de falar com as crianças, contar-lhes histórias, lengalengas, poemas, para levá-las a um grande gosto pela língua e pelas palavras”, salienta.

Incentivar os hábitos de leitura com prazer nas crianças é o âmbito do Plano Nacional de Leitura (PNL). Em declarações ao JPN, Alexandra Marques, que integra a equipa técnica do PNL, explica que “é importante o contacto com os livros e ouvir os adultos a ler alto para que a criança, o mais precocemente possível, possa descobrir o prazer de ler”.

Para a responsável, o prazer é a chave para cativar o interesse dos mais pequenos porque “sem prazer a criança não irá criar hábitos de leitura”.

Número de publicações e vendas crescem

As editoras têm vindo a aumentar o número de livros das suas secções infanto-juvenis e as livrarias alargado o espaço dedicado aos mais novos. Numa entrevista por e-mail ao JPN, Luís Fonseca, director comercial da Editorial Verbo, revela que “tem havido um crescimento nas vendas do livro infantil nos últimos cinco anos”, resultado do “crescente interesse, tanto dos leitores como dos pais das crianças, pela leitura”.

A Editorial Verbo publica cerca de 50 a 80 novos livros infantis todos os anos. Entre as preferências do público infantil e juvenil, encontram-se os “livros baseados em figuras mais populares, ligadas à televisão ou cinema, que atingem os tops infantis”, explica o responsável.

“Não se tratam apenas de livros de ficção, com histórias baseadas nas séries ou nos filmes”, salienta Luís Fonseca, acrescentando que “são figuras que aparecem muitas vezes ligadas a livros didácticos ou de referência”.

“Globalização” do livro infanto-juvenil

Os livros infantis são publicados em grandes co-edições internacionais para depois serem enviados para diversos países com a respectiva adaptação à língua local. “Graças a esta ‘globalização’ do livro infantil, conseguem-se livros nos formatos e materiais mais diversos com tiragens ‘aceitáveis’ e preços acessíveis”, explica Luís Fonseca.

Desta forma, os livros podem ser de cartão, pano, plástico, com figuras, jogos e instrumentos musicais incluídos, entre outros. Os conteúdos são os mais diversos, “desde livros só com imagens para os bebés, até aos livros de leitura mais elaborada, passando por livros para ler em voz alta, primeiras leituras, livros didácticos, pequenas, enciclopédias, entre outros”, acrescenta.