Começou esta quarta-feira o encontro anual da Aliança Atlântica, que se estende até sexta-feira, 4 de Abril. Em Bucareste, capital da Roménia, os 26 líderes dos países membros têm no topo da agenda o alargamento no continente europeu, a situação do Kosovo e o reforço da ajuda ao Afeganistão.

É sobre este ponto que Portugal vai intervir mais directamente. O primeiro-ministro português, José Sócrates, deve anunciar durante a cimeira o envio de mais 15 homens para o território afegão. Trata-se de uma segunda equipa de formação para o Exército nacional afegão que a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) pretende envolver gradualmente no combate aos talibãs que ameaçam a soberania do país.

Em declarações ao JPN, Inês Rapazote, porta-voz do Ministério da Defesa, referiu que “não está nada certo, apenas se está a ponderar o envio destes militares e que, portanto, a confirmação só pode ser dada pelo próprio primeiro-ministro” – que se espera que vá acontecer por estes dias em Bucareste.

Num momento em que o Afeganistão atravessa uma fase decisiva, a OTAN tem vindo a solicitar aos países membros o reforço dos dispositivos militares naquele território. A eventual decisão de Portugal vai assim ao encontro deste pedido da Aliança Atlântica.

Alargamento Problemático em discussão

Outro dos assuntos delicados que vai estar em cima da mesa em Bucareste diz respeito ao alargamento da Aliança. Depois de ter aberto as portas a 10 países da Europa Central e Oriental, ex-membros do Pacto de Varsóvia, esta nova etapa pretende negociar a inclusão de países dos Balcãs.

De acordo com a agenda divulgada pela OTAN, Croácia, Albania, Ucrânia e Macedónia estão na lista de convidados para integrarem a Aliança. Se para a Croácia o processo parece simples, pois participam actualmente com 200 soldados nas operações da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) no Afeganistão, já para a Macedónia, Ucrânia, Albânia e a Geórgia as negociações vão ser mais complexas.

Nos casos da Albânia e da Macedónia, vários membros da OTAN olham com cepticismo para as reais capacidades militares destes dois países. No caso da Macedónia, há ainda a agravante da Grécia, país que faz parte da OTAN desde 1952, já ter ameaçado vetar a eventual integração da Macedónia. A Grécia exige que a Macedónia mude de nome, visto ter uma província no norte com a mesma designação.

Para o último dia da cimeira, sexta-feira, está agendada a reunião entre a Comissão OTAN/Ucrânia e o Conselho OTAN/Rússia, que vai contar com a presença do presidente russo Vladimir Putin.

As relutâncias russas quanto à entrada da Ucrânia na Aliança são públicas. Putin já afirmou, em Fevereiro, numa reunião com o seu homólogo ucraniano, Victor Iuschenko, que “a adesão à OTAN significa limitar a soberania. Se a Ucrânia quer limitar a soberania, o problema é dela.”

O líder russo acrescentou ainda: “É terrível pensar que a Rússia, como resposta a isso, tenha de apontar os seus sistemas de mísseis nucleares para a Ucrânia. Isso é que nos preocupação”.