O relatório da organização Reprieve, “A viagem da morte – mais de 700 presos transportados ilegalmente para Guantanamo com a ajuda de Portugal”, foi apresentado esta quinta-feira em Lisboa. Clive Stafford Smith, fundador e director da Reprieve, afirmou que o governo nacional deverá colaborar de forma voluntária no apuramento do sucedido, tendo ameaçado tomar medidas legais se tal não acontecer.

A ONG (Organização não-governamental) de advogados britânicos refere no seu relatório (em PDF) que mais de 700 presos foram transportados para a base norte-americana, em Cuba, passando por territórios de jurisdição portuguesa. O mesmo documento acrescenta, ainda, pela primeira vez, o nome e as histórias de alguns dos prisioneiros, referindo que, pelo menos seis vezes, aviões de transferência voaram da base das Lajes, nos Açores, para Guantanamo.

A Reprieve refere no mesmo relatório que as “autoridades portuguesas facilitaram” o transporte desses presos para a base norte-americana, “compactuando assim com sérias violações aos direitos humanos”.

Desde o inicio desta polémica que o Governo português tem negado qualquer conhecimento dos alegados voos. Contudo, o presidente do Governo regional dos Açores, Carlos César, admitiu em entrevista ao jornal “Público”, à Rádio Renascença e à RTP 2, que era possível que os voos tivessem feito escala nas ilhas para reabastecer.