O ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse, quinta-feira, no final de um colóquio sobre educação em Serralves, que já tinha conhecimento dos dados sobre a violência nas escolas apresentados pelo Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro. O ministério da Educação registou 140 casos de violência nas escolas, em que foram usadas armas.

O presidente da Federação Nacional do Ensino e Investigação (FENEI), Carlos Chagas, disse ao JPN que a utilização de armas nos recintos escolares é um “facto banal, que já existe há muitos anos, pois existe falta de auxiliares que fiscalizem esta prática”. “Temos sorte, de não terem existido factos mais graves sobre esta matéria”, afirmou.

Segundo Carlos Chagas, os alunos obtêm as armas “em casa, apoderando-se delas; ou então em gangues, que adquirem facilmente armas no mercado negro”. “O icebergue é muito mais profundo do que aquele que foi apresentado pela ministra”, reafirmou.

No entanto, o presidente do Conselho das Escolas, Álvaro de Almeida Santos afirmou, em declarações à Agência Lusa, que “os estabelecimentos de ensino são os lugares mais seguros da sociedade”. “Se as armas provêm da família e da sociedade, então é preciso actuar a montante das escolas. É preciso ver de onde vêm e actuar junto dessas famílias”, referiu.

O Procurador-Geral da República disse que existem alunos que levam pistolas de 6,35 e 9 mm para a escola e que as facas são às centenas. Para combater a utilização de armas nas escolas, Carlos Chagas diz que é “necessário uma política de prevenção, bem como mais informação cívica aos alunos, e uma maior fiscalização, por parte das forças de segurança, no mercado de venda de armas”.

A FENEI diz ainda que existe uma “tentativa de branqueamento da indisciplina e violência nas escolas”, que tentam “abafar” os casos de agressão existentes no meio escolar. Carlos Chagas afirma que a “violência na escola é uma consequência, da violência que se está a gerar na sociedade portuguesa”.