O gene receptor da nicotina, embora não tenha qualquer influência sobre a propensão para se começar a fumar, pode provocar maior dependência e tornar mais difícil deixar de ser fumador. Provoca também um aumento de 30% dos riscos de cancro de pulmão e 20% dos riscos de doença arterial periférica. A descoberta foi feita por cientistas de um consórcio apoiado pela União Europeia, no âmbito do projecto GENADDICT (genómina, mecanismos e tratamento de dependência).

No GENADDICT participam 12 equipas de sete países europeus, com o objectivo de identificar genes envolvidos em várias dependências. O projecto beneficia de um financiamento de 8,1 milhões de euros da UE e dos institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos.

Os cientistas revelaram também que cerca de metade da população de ascendência europeia é portadora de, pelo menos, uma cópia desta variante genética.

Um estudo realizado por 11 mil islandeses que participaram na investigação mostrou que a transformação é mais comum nos grandes fumadores do que nos fumadores médios e na população em geral.

“Todas as patologias têm uma regulação genética”

O presidente da Associação Portuguesa de Pneumologia, António Segorbe Luís, afirma ao JPN que esta dependência pode ser genética já que outras patologias têm também essa mesma influência. “Todas as patologias têm uma regulação genética e têm também uma ligação com as influências do ambiente”, diz. “O facto de os dependentes da nicotina serem regulados geneticamente não vai alterar nos tempos actuais o que há a fazer em relação ao tabagismo”.