São as duas principais unidades orgânicas da área da saúde na Universidade do Porto (UP), há quem garanta que já tiveram rivalidades, mas na auscultação de que foram alvo, com poucos dias de diferença, por parte de membros da Assembleia Estatutária manifestaram opiniões semelhantes sobre o novo modelo organizativo da UP.

Contactados pelo JPN, os directores das duas faculdades dizem pretender uma maior agregação e partilha de recursos na universidade, “a exemplo”, aliás, “do que já acontece há muitos anos” na área da saúde, diz o director do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), António de Sousa Pereira, dando o exemplo dos novos programas doutorais ou de laboratórios associados, onde docentes e investigadores partilham o seu lugar em projectos comuns.

O director da FMUP, Agostinho Marques, também concorda com a agregação, mas diz que o documento-base em que constam as ideias para a reorganização da UP é “pouco ambicioso”. “Eu gostaria que fosse um documento estruturante que nos definisse para termos, daqui a 10 ou 20 anos, uma universidade mais coesa, à volta de um projecto global. Com menos escolas, agrupadas, com mais sinergias”, algo que o documento “não clarifica”, afirma.

O presidente da Associação de Estudantes da FMUP, Ricardo Rocha, concorda com Sousa Pereira e Agostinho Marques. “A agregação é um caminho a seguir, devia pelo menos ser estudado”, diz. Embora admita a existência de “receios com a evolução” que a situação possa ter, garante que o essencial nesta reunião com a Assembleia Estatutária é a existência de um “desejo de mudança”.

“Será talvez um documento de consenso, com aquilo que é possível fazer, mas não define um rumo para a universidade”, afirma Agostinho Marques. A agregação de unidades orgânicas é “apenas uma possibilidade” que o documento levanta, mas que “não estimula”.

Vários pontos por esclarecer

Também o director do ICBAS considera a proposta do novo modelo organizativo pouco claro em alguns pontos, nomeadamente no que toca à criação da “Escola Doutoral e à participação dos institutos de investigação na composição do Senado”. Acrescenta ainda que na auscultação das Biomédicas ficou no ar a intenção de “estudar a viabilidade” de um “conselho geral mais alargado do que o proposto”.

“Melhores relações” entre FMUP e ICBAS

Não existem quaisquer rivalidades entre FMUP e ICBAS, garante Agostinho Marques, que classifica a relação entre as faculdades como “as melhores”. “O caminho é sempre no sentido de convergir, nunca de separar”, garante o presidente do CD da FMUP.

António de Sousa Pereira confirma a união que existe na área da Saúde, a “única da universidade” que já tem agregação de serviços “há muitos anos”. “Esse exemplo deve ser seguido” por outras unidades orgânicas, defende

Arquitectura, Belas Artes e Psicologia foram outras das faculdades auscultadas. O JPN tentou obter reacções destas faculdades, sem sucesso.