66% dos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) do ano passado tinham outras fontes de provento. Os dados do relatório de execução do RSI de 2007 foram avançados esta segunda-feira pelo jornal “Público”.

Ao contrário de 2006, em que a maioria das pessoas que recebiam a prestação social não tinham qualquer rendimento, os dados de 2007 apontam para 31.906 beneficiários que relataram ter rendimentos provenientes do trabalho, 27.044 que referiram usufruir de pensões e 34.989 que apontaram “outros rendimentos”.

O relatório conclui que “estes dados indicam um contingente de trabalhadores pobres em Portugal que, mesmo trabalhando, necessitam da complementaridade do RSI”.

Em declarações ao JPN, o padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, desvaloriza os dados apresentados pelo relatório. Jardim Moreira considera que “sempre houve pessoas que receberam pequenas coisas”, realçando que “quem não tem nada está na pobreza extrema”.

Beneficiários do RSI

Podem requerer RSI os indivíduos considerados em situação de grave carência económica. No caso de um adulto isolado, o rendimento deve ser inferior a 100% do valor da Pensão Social, que, em 2007, era de 177,05 euros.

Para o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, “em Portugal, a injustiça é maior na distribuição da riqueza”. Jardim Moreira diz que, independentemente deste ou de outros relatórios, “a verdade é que a pobreza real está a aumentar”.

Porto é o distrito com mais beneficiários

Ainda segundo o relatório da execução do RSI, no ano passado, o Porto era o distrito com mais famílias beneficiárias (num total de 42.127). 30.797, a maioria, tinha rendimentos – dentro deste grupo, 10 mil declararam que estes provinham do trabalho, cerca de 7.500 declararam usufruir de pensões e 11 mil tinham “outros rendimentos”.