Iniciou-se esta terça-feira na Fundação Serralves o programa “O mais e o menos: O espaço público de cultura nas autarquias locais”, um projecto da instituição em parceria com o Centro de Estudos e Formação Autárquica.

O primeiro dia foi dedicado ao tema “Politicas Culturais Autárquicas: A Cereja em Cima do Bolo?” e contou, entre outros, com a participação do ex-ministro das Finanças e actual administrador da Fundação de Serralves, Luís Campos e Cunha e o secretário de Estado Adjunto e da Administração Local, Eduardo Cabrita.

O seminário teve como objectivo elucidar os presentes, na sua maioria autarcas, sobre as políticas culturais que podem e devem ser implementadas em Portugal. Campos e Cunha abriu o seminário e traçou o objectivo final deste projecto. “Era bom que, no final deste seminário, tivéssemos uma Declaração ou Carta de Serralves”, afirmou.

Para o ex-ministro “uma boa política cultural é, a prazo, um bom investimento” e atribui aos autarcas a grande responsabilidade de fomentar a cultura nas autarquias.

O presidente do Centro de Estudos e Formação Autárquica, João Paulo Barbosa de Melo, considerou que “a tarefa nacional de melhorar o estado das coisas” tem de ser levada a cabo e que “este programa é uma forma de o conseguir”. Para isso, “é preciso gente qualificada”, afirmou Barbosa de Melo. “Não é possível atraí-los sem que os territórios sejam atractivos, de alto valor acrescentado.”.

Outra das figuras em destaque foi a de Teresa Gouveia, administradora da Fundação Calouste Gulbenkian. “Criar condições para que a cultura se produza e seja consumida, além de fomentar o gosto pela cultura no público” são duas premissas que a antiga ministra dos Negócios Estrangeiros considera essenciais.

A administradora criticou o Governo pelo recuo em dar mais responsabilidades às autarquias na cultura e educação e considera que, neste campo, “não há lugar para amadorismo”, sendo essencial a existência de profissionais da cultura nas cidades. “Há necessidade de uma gestão muito profissional por parte das autarquias. É importante uma continuidade e qualidade para a cultura.”

O programa de seminários teve inicio esta terça-feira na Fundação de Serralves e vai prolongar-se até ao dia 14 de Outubro, sob a orientação do comissário Jorge Barreto Xavier.