Entre 2005 e 2007, um grupo de investigadores da Escola Médica de Harvard, em conjunto com os investigadores portugueses Tiago Fleming Outeiro e Filipe Carvalho, conseguiu visualizar pela primeira vez em células vivas os percursores de micro-aglomerados proteicos que acabam por resultar na morte dos neurónios.

O estudo intitulado “Formation of Toxic Oligomeric a-Synuclein Species in Living Cells” (“Formação de Espécies Tóxicas de Alfa-Sinucleina em Células Vivas”), publicado pela revista científica internacional “PLoS ONE“, permitiu identificar as causas da morte dos neurónios, responsáveis por doenças como Alzheimer e Parkinson.

“Aquilo que temos tentado fazer é descobrir o que acontece dentro das células, que faz com que elas venham a morrer”, explicou Tiago Outeiro ao JPN. “Isto está relacionado com a aglomeração das proteínas”, que por sua vez estão associadas ao aparecimento de algumas doenças degenerativas. “O que conseguimos fazer foi utilizar uma técnica que nos permite ver os aglomerados antes deles serem aglomerados e ver a forma precursora destes, quando eles são muito mais pequenos e ainda não são visíveis por técnicas convencionais”, explicou o investigador.

O método utilizado pela equipa consistiu na complementação da actividade de uma proteína fluorescente verde (GPF) através da junção de duas metades não funcionais da mesma proteína. “Nós juntámos esta proteína a uma outra que está envolvida na doença de Parkinson. Assim, vimos a proteína dentro da célula através de métodos como a microscopia”, disse Tiago Outeiro.

O trabalho desenvolvido pela equipa “é uma passo na direcção de uma solução, pois ao permitir ver este precursores poderemos também desenvolver formas de impedir a sua formação”. Em Portugal há cerca de 70 mil pessoas com Alzheimer e 20 mil com Parkinson