O presidente timorense José Ramos-Horta declarou, esta terça-feira, não pretender abandonar o cargo antes do tempo. O presidente de Timor-Leste quer completar o mandato, que termina em 2012. “Não tenho nenhum plano para deixar o cargo mais cedo”, disse à rádio e televisão nacional de Timor, citadas pela Rádio Renascença.

No entanto, em entrevista ao jornal The Australian, publicada esta terça-feira, Ramos-Horta afirmou que ainda não conseguiu tomar uma decisão. “Só quando regressar a casa, ao sítio onde fui alvejado é que vou saber se estou recuperado”, disse ao jornal australiano.

Ramos-Horta promete que, depois de totalmente recuperado, regressará a Timor para discutir com o parlamento a sua situação e a situação política do país. “Vou contactar o parlamento quando regressar a Timor, e não vou prometer ao país que cumprirei o mandato”, disse na entrevista. O presidente timorense lembrou que nunca quis candidatar-se à presidência do país, tendo sido convencido pelo actual primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

Encontrando-se ainda em Darwin, na Austrália, a recuperar dos ferimentos que sofreu depois de uma tentativa de homicídio cometida, em Fevereiro, por apoiantes do major Alfredo Reinado, Ramos-Horta elogiou o trabalho de Fernando Lasama de Araújo como presidente interino, dizendo que este “passou num teste crucial” e que se encontra perfeitamente capaz de substituir o actual presidente nas suas funções. “Estou mais descansado porque sei que, se me afastar, há uma ou duas pessoas capazes de fazer o meu trabalho”, acrescentou.

O atentado de 11 de Fevereiro deixou o também Nobel da Paz muito traumatizado. Ramos-Horta diz que, fisicamente, está bem, mas que a nível emocional o atentado deixou marcas. “Antes da tentativa de assassinato eu ia a todo o lado. Andava de autocarro, ia a restaurantes. Agora teria de pensar duas vezes”, referiu.

Ramos-Horta mostrou vontade de se retirar definitivamente da vida política para poder “ser um simples cidadão” e escrever o seu livro “sem preocupações”.