Este domingo Washington foi palco da reunião conjunta entre Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial. 185 ministros da Economia e das Finanças marcaram presença no encontro semestral que teve como mote a política alimentar. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e o director do FMI, Dominque Strauss-Kahn, defenderam medidas urgentes para travar a inflação dos preços alimentares.

100 milhões de pessoas podem ficar mais pobres caso a escalada de preços não pare. A situação deve-se ao aumento de 83% dos preços dos alimentos desde 2005. As principais causas da inflação devem-se à subida do preço dos combustíveis que levam a um aumento da utilização dos biocombustíveis, produzidos à base de recursos alimentares, e à crise financeira actual.

O presidente do Banco Mundial pediu ajuda para cumprir o Programa Mundial de Alimentos da ONU. A organização tem um prejuízo de 500 milhões de euros e necessita de parceiros para cumprir o seu programa. Zoellick afirmou que “recebeu compromissos para metade do dinheiro exigido mas não é suficiente”. Em comunicado, os representantes presentes em Wasinhgton afirmaram que “era urgente dar seguimento aos compromissos assumidos em nome da ajuda internacional”.

“Oportunidade falhada”

Luz Vasconcelos e Sousa, directora da organização não governamental (ONG) VIDA – Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano, afirma, ao JPN, que os biocombustíveis foram “uma oportunidade falhada”. “As produções não foram alteradas” e que o aumento das matérias-primas ficou “sem impacto na riqueza dos países”.

O director-geral da Oikos, João José Fernandes, em declarações ao JPN, afirma que o grande problema é “a desregulamentação dos mercados agro-alimentares”. O líder da ONG ligada ao desenvolvimento de regiões sub-desenvolvidas entende que a solução passa pelos governos que “devem recuperar o controlo dos preços”. As causas da inflação são várias, segundo João José Fernandes, e vão desde “a subida do preço do petróleo” ao “aumento da procur”.

A crise anunciada por Zoellick e Strauss-Kahn já tem efeitos em alguns países. Em Haiti, a população já provocou o derrube do governo após a escalada de preços. O Banco Mundial activou um plano de emergência de 10 milhões de dólares. João José Fernandes acredita que o problema alimentar “pode gerar nova conflitualidade e deteriorar a situação”.