O “Ada – Festival Europeu em Acção”, que durante três dias invadiu o Porto, visou promover as artes performativas de artistas oriundos de toda a Europa.

Vinculadas às artes visuais, dança, música e teatro, a arte performativa e a arte de acção são formas de arte não convencional. “São criações artísticas que necessitam de uma acção, de um desempenho físico momentâneo para chegar à sua concretização”, explica Mariana Ribeiro, da organização do festival. “Podem viver de um momento restrito ou podem ser executadas para, a priori, serem apresentadas numa documentação, seja numa fotografia ou num vídeo”, acrescenta.

Palácio de Cristal foi cenário de artes performativas

Foi em vários espaços do Palácio de Cristal que tiveram lugar muitas das intervenções performativas no segundo dia do festival, como a acção do espanhol Manuel Espino, “Barra del 7”, realizada num pequeno ringue desportivo.

Sinfonia com sete quilos de batatas fritas

Em plena cantina da reitoria da UP o público assistiu a um “aperitivo musical” conseguido com sete quilos de batatas fritas. A performance de Xavier Alcácer Sanchis, um estudante espanhol de Belas Artes, visou criar um “concerto musical” através dos ruídos produzidos ao mastigar batatas fritas. As primeiras “notas musicais” foram de Xavier e depressa o público participou no concerto improvisado. A acção performativa acabou numa batalha de lançamento de batatas entre artista e público, criando uma verdadeira chuva de sons.

A acção inspirou-se em “questões pessoais, culturais e mediáticas” relacionadas com o “desporto de competição e o ensino de disciplinas desportivas” retiradas dos “meios de comunicação e da história da fotografia”.

“Coração com defeito” foi outra acção performativa, da autoria da artista portuguesa Liliana Marques. Vestida de branco e sentada num pano circular da mesma cor, Liliana vai retirando corações de dentro de uma caixa ao seu lado (a artista utilizou corações de porco para representar o coração humano).

Ao som de uma música que toca de fundo, a artista vai cosendo os corações um a um e colocando-os à sua volta. No final os corações formam um círculo e numa manta azul à sua frente lê-se uma frase: “Porque nunca te ouvi chorar…”.

De cariz mais dramático, “Coração com defeito” relaciona-se com “a sensação de impotência e a busca doentia de querer arranjar algo que não tem arranjo”, revela Liliana Marques. “A música é baseada num coração que bate a 40 latidos por minuto”, explica.

Artistas fazem balanço positivo

No espaço entre as actuações a conversa convida à reflexão e os artistas vão fazendo o balanço do festival. Apesar do tempo nublado e por vezes chuvoso que se fez sentir, a boa disposição e o optimismo foram constantes.

“Está a correr muito bem, o público tem aderido bastante e os artistas estão muito satisfeitos” e, “portanto, o balanço é muito positivo”, dizia Mariana Ribeiro.

A opinião é partilhada pela artista Manuela São Simão: “Em termos de meeting europeu e de troca de ideias está a ser muito positivo e estou a gostar bastante”. “Aos poucos estamos a criar um público que vai ficando habituado a este tipo de interacções na rua”, acrescenta.