Sem sobressaltos, nem momentos de tensão, assim foi a auscultação da Faculdade de Engenharia (FEUP) acerca do processo de mudança nos estatutos da Universidade do Porto (UP). Num auditório longe de estar cheio, a Assembleia Estatutária foi esclarecendo várias dúvidas a membros de uma faculdade que, segundo o director Carlos Costa, “não se opõe à redução do número de unidades orgânicas”.

Numa sessão em que a Assembleia Estatutária, pela voz do reitor Marques dos Santos, se voltou a referir à existência “de 15 universidades”, numa alusão à autonomia das unidades orgânicas relativamente à Reitoria, é opinião de Pedro Guedes de Oliveira, docente de Engenharia e antigo presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC) do Porto, que se está perder “uma enorme oportunidade” de “consolidar aquilo que há de bom”.

O documento com os princípios base da reorganização estatutária “muda muito pouco”, é uma tentativa “prudente” de consenso, uma vez que na UP há “dificuldade em aceitar mudanças muito radicais”, afirma o docente, que se diz “desapontado” mas “compreensivo” com os motivos da Assembleia Estatutária.

“Devíamos ter a coragem de reequacionar a própria organização, que poderia ser através de novas alianças entre unidades orgânicas para a constituição de outros núcleos de saber”, sugere Pedro Guedes de Oliveira, argumentando que este cenário favoreceria a “interdisciplinaridade”.

Optimismo dos órgãos responsáveis

Já Carlos Costa considera o mesmo documento da proposta do modelo organizativo da universidade “razoavelmente bom”, mostrando-se optimista quanto à sua aplicação futura.

Em Engenharia, segundo o presidente do Conselho Directivo, aponta-se para “um modelo de governo que consiga resolver bem o antagonismo” entre as relações hierárquicas da universidade. “Claro que há pessoas que gostariam de um modelo mais hierárquico, mais centralizado, outras preferem um modelo menos hierárquico. Da minha parte acho que está bem”, disse ao JPN.

Uma das questões mais discutidas durante as auscultações às faculdades tem sido a possível perda de autonomia das unidades orgânicas em cenário de crise. Algo que Pedro Guedes de Oliveira acha “muito bem”, pois, “a nível central” “é preciso haver alguém capaz de intervir com estratégias uniformes, organizadas”. “Não faz sentido nenhum que uma parte de um todo possa ter estratégias absolutamente divergentes”, adianta.