“A Plataforma Sindical dos Professores, de sexta para sábado de madrugada, não chegou a nenhum acordo com este Governo, nem com esta equipa do Ministério da Educação”. As palavras são de Mário Nogueira, coordenador da plataforma, que, esta segunda-feira, discursou durante uma acção de protesto contra as políticas educativas do Ministério da Educação, que levou cerca de 700 professores aos Aliados, no Porto.

Referindo-se a alguns movimentos de professores que não aprovam a definição do memorando de entendimento com o Ministério da Educação, o líder sindical afirmou que “apenas querem dividir” e “desvalorizar a luta dos professores”. E sublinhou que a ministra da Educação “cedeu em matérias que disse que eram pontos de honra”.

O coordenador da Plataforma Sindical salientou que o entendimento é favorável aos professores, pois possibilita uma avaliação simplificada e uniformizada no presente ano lectivo e permitirá uma posterior reavaliação do “repudiado” modelo de avaliação a aplicar no próximo ano lectivo.

Mário Nogueira referiu mesmo que a aplicação integral do modelo de avaliação dos professores em 2008/2009, a título experimental, seria positiva ao “provar que aquilo é inaplicável e inadequado”.

No mesmo sentido, Guedes da Silva, do Sindicato Independente e Democrático dos Professores (SINDEP), afirmou que o entendimento “é apenas o mínimo indispensável para que, até ao fim deste ano lectivo, haja paz nas escolas”.

O sindicalista recordou que as acções promovidas pela Plataforma Sindical dos Professores “representam um enorme esforço financeiro” para todos os associados, mencionando o exemplo do custo dos transportes, cartazes, bandeiras, faixas, palcos e equipamentos de som.

Luta dos sindicatos permanece inalterada

O estatuto da carreira docente, a prova de acesso à carreira, a divisão dos professores em categorias, o novo modelo de gestão escolar e o estatuto do aluno voltaram a ser os pontos fortes de contestação por parte dos dirigentes sindicais.

João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), exigiu o fim da “miséria dos recibos verdes e da precariedade que marcam os docentes encarregados das actividades de enriquecimento curricular”. Chamou ainda a atenção para os professores “sucessivamente contratados”, a quem “se acena sistematicamente com o fantasma do desemprego”.

”Temos uma outra ministra da Educação”

Abel Macedo, secretário-geral do Sindicato de Professores do Norte (SPN), recordou que “embora não sendo esse o objectivo central da luta dos professores”, os professores ainda não viram “a ministra Maria de Lurdes Rodrigues demitida”, como exigiram em Lisboa, na manifestação de 8 de Março.

No entanto, o dirigente sindical considerou que hoje há “uma outra ministra da Educação”, que “foi obrigada a vergar” e a “dialogar finalmente com os seus inimigos de estimação”. Abel Macedo relembrou que Maria de Lurdes Rodrigues reuniu mais com os sindicatos dos professores “no espaço de uma semana do que nos três anos do seu autoritário mandato”.

Governo desconhece realidade das escolas

O JPN falou com alguns professores, que criticaram as políticas educativas do Governo, acusado de desconhecer a situação real das escolas.

Os discursos terminaram com a subida ao palco de uma professora que, num gesto simbólico, cantou “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, a que se seguiu uma marcha até à Avenida da República. Para além do Porto, a Plataforma Sindical dos Professores convocou concentrações em Braga, Bragança, Viana do Castelo e Vila Real.

Esta terça-feira, os líderes das organizações que integram a plataforma dinamizaram debates sobre o estado da escola pública um pouco por todo o país. Um dos objectivos da iniciativa, denominada “Dia D”, é ouvir a opinião dos professores sobre o memorando de entendimento, cuja assinatura está prevista para quinta-feira, 17 de Abril.