Uma gaivota morre ao ser contaminada por uma maré de petróleo, mas antes põe um ovo e obriga um gato a prometer que ensina a sua cria a voar. Esta é a “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar” do autor chileno Luís Sepúlveda, levada agora ao palco pelo Teatro Art’Imagem. A companhia de teatro do Porto regressa ao teatro de marionetas na sua 90ª produção, encenada por Pedro Carvalho e Valdemar Santos.

A peça vai estar em cena esta sexta-feira e sábado, às 21h30, e domingo, às 16h, na Quinta da Caverneira, na Maia. Entre 5 a 15 de Maio estará em exibição no auditório da Biblioteca Municipal de Almeida Garrett, no Porto.

O texto de Luís Sepúlveda, originalmente em prosa e adaptado a teatro pelos encenadores, mostra “a dimensão muito humana dos animais” ao mesmo tempo que faz uma “abordagem aos problemas ecológicos”, explica Valdemar Santos. “É [uma história] para crianças e adultos”, continua, porque “há personagens com que as pessoas se identificam”.

O grupo já fez várias incursões em “várias vertentes da manipulação”, como o teatro de sombras, diz Pedro Carvalho, e nesta peça contou com a colaboração do actor espanhol Eduardo R. Cunha “Tatán”, da companhia galega Tanxarina Títeres. “Apostámos na manipulação directa, sem luvas”, conta o encenador.

As marionetas como “regresso à infância”

Valdemar Santos considera que tanto o teatro de marionetas como o teatro físico têm a sua linguagem. No entanto, confessa: “Adoro bonecos, porque há coisas que eles podem fazer que nós não podemos”. Para Pedro Carvalho, trabalhar com marionetas representa um “regresso à infância”. “Nós emprestamos sensações ao bonecos, tentamos contaminá-los e eles também nos contaminam a nós”, acrescenta.

O espectáculo inicia-se com uma projecção de imagens da natureza, que funciona como “um mergulho, uma apneia”, de forma a desligar o público do “rebuliço da cidade”, explica Pedro Carvalho. “É como entrar numa igreja, é uma antecâmara de descontaminação”. Também há espaço para o audiovisual, com uma pequena curta-metragem realizada por Paulo Martins.

Estreia na Quinta da Caverneira

Este é o primeiro espectáculo do Teatro Art’Imagem na Quinta da Caverneira, na Maia. A companhia está instalada neste pólo da biblioteca municipal da Maia desde Janeiro deste ano, fruto de um protocolo com a câmara da cidade. O auditório da Quinta da Caverneira foi concedido ao grupo durante cinco anos (com possibilidade de renovação), que fica responsável pela programação.

Para além da apresentação de espectáculos, a companhia está a coordenar uma oficina de teatro para jovens naquele espaço e pretende também utilizar o espaço ao ar livre, disse o director do Teatro Art’Imagem, José Leitão, ao JPN. A intenção é trazer à Maia outras companhias de teatro portuguesas e galegas também, “mas falta o essencial, que são as fontes de financiamento”.