O presidente timorense José Ramos Horta já se encontra em Timor-Leste. A chegada ao aeroporto de Díli terá ficado marcada por grande entusiasmo por parte da população timorense, que recebeu o presidente entre aplausos e danças tradicionais.

As primeiras palavras do Prémio Nobel da Paz foram para o presidente interino, Fernando “Lasama” de Araújo, para todo o governo que assegurou o funcionamento do país durante a sua ausência, mas, também, para os rebeldes protagonistas do atentado contra a sua vida, no dia 11 de Fevereiro deste ano.

Em entrevista ao jornal “Público”, ainda em Darwin, antes da partida para Timor-Leste, Ramos-Horta disse que iria reassumir, de imediato, as suas funções como presidente apesar de ainda se encontrar algo debilitado e com dores. “Regresso fisicamente preparado a 80-90%. Ainda tenho dores persistentes, resultado dos nervos que foram afectados e que levam tempo a sarar. Emocionalmente, só posso dizer depois”, disse.

Ramos-Horta sabe que regressa a um país que ficou “em estado de choque” depois dos atentados de 11 de Fevereiro, mas afirma estar muito grato ao povo timorense pelo apoio prestado nestes dois meses que passou em Darwin, na Austrália.

Prioridade é retomar o diálogo

Ramos Horta voltou a desmentir a intenção de convocar eleições antecipadas para 2009. Entre as medidas prioritárias estão o retomar do diálogo com a Fretilin. “Vou continuar o diálogo, que corria tão bem antes da minha ida ao Brasil e que continua, após o regresso, ouvindo as lideranças da Fretilin e da AMP [Aliança para a Maioria Parlamentar]. Pela primeira vez pus todos sentados à minha volta”, declarou Ramos Horta ao jornal “Público”.

O presidente timorense continua revoltado com o atentado de que foi vítima, assumindo-se como a pessoa “que mais buscava o diálogo e por isso era até criticado por alguns que não entendiam a delicadeza da situação em Timor”.

Continua por se decidir se haverá, ou não, eleições antecipadas, tal como exigiu o líder da Fretilin. “Vou continuar o diálogo e tenho a certeza de que chegaremos a um consenso”, disse Ramos-Horta.

“Salsinha deve entregar-se”

José Ramos Horta disse também que vai dar um prazo a Gastão Salsinha, um dos protagonistas dos atentados, para se entregar às autoridades ou aos bispos de Timor.

O presidente timorense afirma que as investigações estão a avançar e que não as considera lentas. “Já recebi informações do procurador-geral da República e da comissão de investigação e as informações tranquilizaram-me quanto ao processo de investigação. Creio que é necessário agir com prudência”, afirmou.

À chegada ao aeroporto de Díli, Ramos Horta deixou claro que será feita justiça. “Salsinha deve entregar-se à justiça e abandonar as suas armas”, disse o presidente timorense, citado pela Reuters.