A Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas aponta para que Portugal tenha um aumento de 40% de emissões de gases de efeito de estufa (GEE), em 2006, em comparação com 1990, o ano de referência, segundo diz a Quercus. De acordo com o Protocolo de Quioto, Portugal não deverá exceder os 27% até ao ano 2012.

Francisco Ferreira, dirigente da Quercus, refere que Portugal “ainda está longe das metas de Quioto”, uma vez que, em 2006, o país quase dobrava os níveis permitidos chegando a “13% acima da meta”. No entanto, o ambientalista refere que, no ano 2005, a percentagem de GEE baixou 5%, em parte, devido à seca, mas também devido “à produção de electricidade a partir de energias renováveis”, o que demonstra que é possível reduzir “substancialmente” os GEE, que chegaram a atingir 82,7 milhões de toneladas.

Francisco Ferreira refere o sector dos transportes como sendo um dos principais responsáveis pelas emissões de substâncias poluentes para a atmosfera, correspondendo a “25% do total de emissões à escala nacional” em 2006, valor que não desceu com o aumento do preço dos combustíveis.

Apesar de tudo, o responsável da Quercus indica que Portugal tem promovido as energias renováveis e tem produzido electricidade, através da energia eólica, hídrica e tem desenvolvido a eficiência energética.

Comemorações do Dia da Terra

Esta terça-feira comemora-se o Dia da Terra e, um pouco por todo o mundo, multiplicam-se as acções de sensibilização pelo meio ambiente. A Quercus promove várias iniciativas em todo o país, como debates, recolha de rolhas em restaurantes, bem como exposições e conferências.

Ricardo Marques do Núcleo do Porto da organização, salienta a construção de “uma torre de sete metros que se chama a “Babel dos Bens Comuns”, simbolizando o desentendimento das nações em relação ao problema ambiental.

O ambientalista refere que este tipo de efemérides “têm muita adesão” e que as pessoas estão conscientes quanto aos problemas ambientais. No entanto, “ainda têm dificuldade em tomar o ambiente como hábito na sua vida” e não praticam algumas acções de “consciência pelo ambiente como a protecção da natureza, reciclagem, redução do consumo de água e energia”.

O facto de Portugal ter ultrapassado os níveis impostos pelo Protocolo de Quioto, “tem a ver com vários intervenientes” e com o facto destes “irem chutando a bola uns para os outros”, diz Ricardo Marques. “Uns dizem que “a culpa é do Estado porque não regulamenta como deve ser, outros dizem que a culpa é das empresas porque poluem muito e não se preocupam, outros dizem que a culpa é da sociedade civil porque polui e também não se preocupa e exige do estado e das empresas”, comenta.