A Câmara Municipal do Porto assinou esta quarta-feira um um protocolo de colaboração com a Escola de Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP). O futuro Observatório de Segurança e Impacto de Intervenção na Cidade do Porto vai diagnosticar mais objectivamente os problemas sociais da cidade, nomeadamente no que diz respeito à insegurança e criminalidade.

O director da Escola de Criminologia da FDUP, Cândido Agra, apresentou os três principais métodos de estudo: laboratoriais, inquéritos sobre riscos urbanos e metodologia no terreno, que vão fornecer dados para posteriormente serem comparados com outros aglomerados urbanos. “Comparar é uma palavra essencial nestas matérias”, disse o criminologista.

Portugal, país “medroso”

Os objectivos são estudar “a criminalidade em si e os comportamentos que levam a esses actos e os que são consequentes dos mesmos” e também “o sentimento de insegurança e os fenómenos que podem desencadear esse sentimento”. Cândido da Agra alertou para o facto de Portugal ser o país europeu “mais medroso em termos de crimes”. O observatório vai procurar verificar se esse sentimento se justifica.

Há 25 anos a trabalhar para a UP, o fundador da Escola de Criminologia criticou a “falta de objectividade” com que se mede o fenómeno criminal no país: “Os jornais dizem que os índices de criminalidades são altos ou são baixos, mas isso não tem rigor científico nenhum”.

“Bairros sociais e videovigilância são a prioridade”

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, salientou a “utilidade prática” do documento. “Já tomámos várias medidas em relação aos problemas sociais do Porto, mas este estudo vai-nos dar os números”, o que vai permitir, daqui a um ano, “maximizar o investimento e torná-lo mais rentável nesta luta”, disse.

Rui Rio chamou a atenção para o que diz ser a maior prioridade da sua gestão autárquica: a inclusão social, que engloba a justiça social e a segurança urbana. “20% da população do Porto vive em bairros sociais e é óbvio que a situação social dessas pessoas nos preocupa”, disse o presidente. Além dos bairros, estudar a eficácia da videovigilância na Ribeira é outra das prioridades.

“Intervir sem conhecer é um erro”

O presidente do conselho administrativo da FDUP, José Manuel Cruz, afirmou que “as autarquias cometem um grande erro quando intervêm nos factos sem os conhecer previamente”. Salientou também que este protocolo “é a continuação de outras colaborações e de outros estudos”.