Manuela Ferreira Leite defende que, caso chegue à liderança do PSD, o partido “se deve apresentar sozinho” nas eleições legislativas de 2009, sem recorrer a uma coligação com o CDS/PP. A candidata afirmou ainda, durante a apresentação da sua candidatura na sede PSD-Porto, esta quarta-feira, que o PSD não deve concorrer às legislativas apenas para “marcar presença”, mas que se deve apresentar como uma “alternativa credível”.

Ferreira Leite considera que “existe uma crise de confiança” em Portugal porque a oposição não se tem apresentado como “alternativa credível” à governação socialista, “em relação à qual muita gente está desiludida”.

Para além de rejeitar uma possível coligação com o CDS/PP nas próximas eleições legislativas, a deputada afirmou ainda que o partido não se pode “arriscar a marcar presença” nas eleições. “Marcar presença [nas eleições] está bom para o Partido Comunista ou para o Bloco de Esquerda, não está bom para o Partido Social Democrata”, sublinhou.

“PSD não merece que se lhe perca o respeito”

A candidata defende que o partido “sempre desempenhou um papel importantíssimo na democracia” e que a decisão de se candidatar à liderança do PSD veio no seguimento da constatação da “descrença” e do “desânimo” no seio do partido. “Senti que era um momento de enorme responsabilidade para o partido e o país”, disse.

“O PSD não merece que se lhe perca o respeito”, declarou Manuela Ferreira Leite, que se diz empenhada em “recuperar o lugar” do partido. “Se nos queremos impor, se queremos passar a nossa mensagem, se queremos que as nossas críticas sejam ouvidas, temos de mudar”, reiterou.

A candidata rejeitou a divisão do partido, alegando que os militantes seguem “os mesmos princípios e os mesmos valores”, que devem agora ser “recuperados”. Para Manuela Ferreira Leite, o PSD é um “partido livre”, que deve eleger um líder “convicto das suas decisões e do seu caminho” e que “ouça as vozes dissidentes”.

PSD “está a acordar”

No entanto, apontou “a dicotomia bases-elites” como um dos factores que “tem enfraquecido o partido de uma forma estrondosa”. “Somos um partido interclassista”, sublinhou, “onde estão as elites, as bases, onde está toda a gente”.

Ferreira Leite disse ainda que sente “uma mobilização muito significativa no partido”, que interpreta como sinal de que o PSD “está a acordar” e a caminhar na direcção de “recuperar a credibilidade”.

Face às críticas de que já foi alvo, defendeu-se dizendo que quem passou pelo poder “vai ter sempre críticas” e demarcou-se da política do governo. “Há uma coisa no engenheiro Sócrates que nunca poderão esperar de mim: nunca enganarei ninguém”, garantiu.

Questionada por um militante sobre se demitiria Pedro Santana Lopes, se chegasse à presidência do PSD, a candidata declarou que não fala “sobre cenários”.

Rui Rio: PSD atravessa “crise muito grave”

“Aquilo que move a candidatura da doutora Manuela Ferreira Leite não é a ambição nem a vaidade, é o dever”, declarou Rui Rio, mandatário da candidatura no distrito do Porto e presidente da Câmara do Porto.

Rio considera que o PSD “está efectivamente a atravessar uma crise muito grave”, já que o partido não tem “cumprido a sua função” de “apontar” os defeitos da governação socialista. “Temos de perceber que o país nos está a perder o respeito”, acrescentou.