Há 40 anos, a sociedade francesa enfrentava aquela que é conhecida como a maior revolta estudantil de que há memória. Figuras como Daniel Cohn-Bendit, alcunhado de “anarquista alemão”, e frases como “Proibido proibir” tornavam-se exemplos de uma geração que ansiava uma sociedade livre de preconceitos e de ideais.

Durante cerca de um mês, as ruas de Paris incendiaram-se com as reivindicações dos estudantes e, mais tarde, do movimento operário. Mais de 10 milhões de trabalhadores das mais variadas áreas de actividade entraram em greve. Como consequência, o presidente Charles de Gaulle dissolveria a Assembleia Nacional e convocaria eleições legislativas antecipadas, onde viria a alcançar maioria absoluta.

Em 1968, Portugal era um dos países com maior representação em solo francês e, por isso, milhares de portugueses foram testemunhas destas movimentações. Em França, viviam emigrantes portugueses que procuravam melhores condições de vida, mas também jovens que tentavam escapar às guerras coloniais e exilados políticos, perseguidos pela PIDE. Alguns deles participaram activamente no Maio de 68, através da organização do Comité de Ligação Trabalhadores-Estudantes.

O movimento francês não foi um caso isolado. Um pouco por todo o mundo floresciam revoltas estudantis. Portugal não foi excepção e durante a década de 60 intensificaram-se as lutas nas universidades, preconizadas pela chamada “Geração de 60“.

No que toca à herança deixada pelo Maio de 68, as opiniões não são unânimes. Quarenta anos depois são utilizadas palavras como “inquietação”, “revolução de mentalidades” ou “liberdade” para descrever os efeitos do movimento estudantil.