O ciclone Nargis, com origem no golfo de Bengala, atingiu cinco regiões do sul da Birmânia, provocando, pelo menos, 22 mil mortes. A Associated Press indicava que poderiam estar desaparecidas 41 mil pessoas. O Programa Alimentar Mundial, citado pela AP, indicava que poderiam estar desalojadas até um milhão de pessoas.

As autoridades da Birmânia, rebaptizada Myanmar pela junta militar no poder, decidiram aceitar o auxílio humanitário oferecido por vários países e organizações. Em 2004, o regime militar rejeitou o envio de ajuda internacional após a passagem do tsunami que devastou o Sudeste asiático, matando mais de 220 mil pessoas.

Os Estados Unidos já desbloquearam fundos para ajudar as vítimas do ciclone Nargis. A Federação Internacional da Cruz Vermelha doou cerca de 200 mil euros para a formação de um fundo de emergência.

O Nargis foi um ciclone de categoria três, com ventos de mais 200 quilómetros por hora, que devastou o país asiático durante o fim-de-semana e originou o corte no abastecimento de água e electricidade a grande parte da população, como informou a televisão estatal birmanesa.

A junta militar que governa o país mantém tensas relações com os EUA e com a União Europeia (UE) devido às pressões de que tem sido alvo para a realização de reformas democráticas. “O mito que têm projectado sobre estarem bem preparado foi completamente destruído. Isto pode ter um tremendo impacto político sobre eles”, disse à Reuters o analista político Aung Naing Oo.

A UE já se mostrou disponível para “providenciar assistência directa às populações afectadas pelo desastre”, disse o alto representante da UE para a Política Externa e Segurança Comum, Javier Solana, em comunicado. “Desejo expressar as minhas sinceras condolências às famílias e aos amigos das vítimas e o meu apoio a todos aqueles que perderam as suas casas e propriedades e estão a sofrer as consequências do ciclone”, disse Solana.

O desastre natural aconteceu a menos de uma semana do referendo marcado para discussão de um novo texto constitucional. O plebiscito foi adiado, segundo a televisão estatal para 24 de Maio, em várias das zonas afectadas pelo ciclone.