A Câmara Municipal de Lisboa suspendeu, esta quarta-feira, a montagem da Feira do Livro de Lisboa, com abertura marcada para dia 21. A medida surge em resposta ao desentendimento da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) e o grupo editorial LeYa, representado pela União de Editores Portugueses (UEP), quanto à distribuição dos pavilhões no Parque Eduardo VII.

Em comunicado, a autarquia explicou que a APEL, entidade organizadora do evento, “à data, ainda não entregou o layout final de implantação da Feira”. Apesar de alguns pavilhões já estarem montados no Parque Eduardo VII, a câmara ainda não tem o layout final da disposição dos 120 stands expositores. A câmara ameaça também retirar o financiamento de 200 mil euros e a isenção das taxas de ocupação do local.

A raiz do problema está no facto de os serviços administrativos da APEL recusarem a “inscrição colectiva” de um grupo de associados da UEP, entre os quais o Grupo Editorial LeYa, que pretende uma área exclusiva para as suas editoras.

A APEL exige o regresso ao “modelo único de stand expositivo” e recusa ceder uma área com pavilhões diferenciados para o grupo editorial, mesmo depois de ter assumido o compromisso verbal de estar “disposta a acolher modelos diferentes de layout de implementação”, diz a câmara em comunicado. De acordo com a autarquia, só a garantia dada pela APEL de que iria “acolher as inovações propostas pela UEP” levou a vereadora da Cultura a atribuir a organização do evento à APEL.

Depois de conversações entre as entidades, a câmara revelou que “a direcção da APEL reiterou a sua absoluta não aceitação da proposta da UEP, particularmente do layout e stands do Grupo Editorial LeYa.”

A autarquia considera que o projecto apresentado pelo grupo LeYa merece um “acolhimento positivo”, por “não ferir o espírito da Feira do Livro de Lisboa”. Ainda assim, segundo a câmara, a APEL demonstra “irredutibilidade” e “uma crescente intransigência, não aceitando negociar qualquer ponto”.

APEL acusa Câmara de subserviência a “propósitos empresariais”

Na reunião desta quarta-feira, a câmara solicitou à direcção da APEL “um esclarecimento, com carácter de urgência, sobre toda esta situação”. A associação respondeu, também em comunicado, alegando que a posição do director municipal da Cultura “só serve os propósitos empresariais do Grupo LeYa e menospreza os interesses comuns e gerais do mundo editorial português”.

Perante esta situação que compromete a realização da feira, a APEL manifesta a sua “estranheza e incompreensão em face dos graves inconvenientes, transtornos e prejuízos para os editores portugueses e relativamente aos quais declina, desde já, qualquer responsabilidade moral ou económica”.

A APEL espera que a câmara retire a suspensão e esta sexta-feira reúne-se com a vereadora da Cultura, Rosália Vargas.

Várias editoras, nomeadamente a Gradiva, fizeram saber que se a Feira do Livro for cancelada ou adiada recorrerão aos tribunais para pedirem indemnizações pelo investimento já feito.