À semelhança do Porto, Vila Nova de Gaia possui centenas de quilómetros de linhas de água. Em 2001, a empresa municipal Águas de Gaia (AdG), sob a presidência de Poças Martins, deu início à reabilitação e renaturalização das ribeiras, assente num projecto que pretendia limpar e despoluir todo o concelho.

Segundo o agora presidente da Águas do Porto (AdP), a iniciativa gaiense é semelhante ao caminho que o Porto está a percorrer actualmente e que já começa a produzir resultados.

Foi com a meta de limpar a cidade, que a AdG iniciou a ligação das habitações em falta à rede de saneamento, construiu as primeiras ETARs de Gaia e procedeu à detecção de fontes poluidoras. Como consequência, a cidade viria-se a tornar, em 2007, no concelho com maior número de bandeiras azuis nas praias.

A intervenção na ribeira do Espírito Santo foi uma das áreas a que este projecto se estendeu. Encarada como a “ribeira-modelo” da AdG, nasce na fronteira entre as freguesias de Arcozelo e Serzedo e prolonga-se por 12 quilómetros até à foz na praia de Miramar.

A despoluição e reabilitação do caudal começou no ano 2000 e ainda não acabou. No entanto, já foi o suficiente para não poluir o mar e criar um pequeno ecossistema na ribeira. A enguia é um dos peixes que cresce neste habitat. Também há quatro anos foram introduzidas 14 rãs, mas são já dois mil anfíbios que vivem na ribeira do Espírito Santo.

Para além das acções de limpeza e despoluição, uma das fases do projecto passava pela reabilitação das ribeiras, promovendo o tratamento das margens e a construção de passadiços ao longo do curso de água. A população aderiu aoambiente bucólico e não deixa de destacar a“evolução significativa” daquela zona.

Promover a educação ambiental

A poucos minutos da praia de Miramar foi construído o Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia (CEAR). Inaugurado em 2002, o centrotem o objectivo de sensibilizar a população para a educação ambiental, promovendo a importância do saneamento e da preservação da fauna e flora ribeirinha, não só entre a população escolar, mas também entre adultos.

“O objectivo é mostrar à população aquilo que as ribeiras eram e alertar para a responsabilidade de cada um”, afirma o responsável pelo centro, Nuno Ramos. Para isso, existem vários aquários que mostram os animais que poderiam habitar a linha de água, exemplificando uma pequena viagem ao longo de uma ribeira. Também são organizados passeios pedestres ao longo da ribeira do Espírito Santo e existe um laboratório utilizado nas visitas de estudo para analisar a água e observar invertebrados.

“A mensagem passa de uma maneira eficaz. As pessoas partem muito melhor informadas”, realça Nuno Ramos. Para além dos programas pedagógicos, o CEAR tem a responsabilidade de controlar a qualidade da água da ribeira através da sala de Monitorização da Qualidade da Água.