No distrito do Porto, a incidência da tuberculose tem diminuído nos últimos anos. A explicação para os bons resultados reside nos rastreios e no rigor dos tratamentos. Em termos comparativos, em 2004 surgiram 53,1 casos novos por 100 mil habitantes, ou seja, 946 pessoas foram diagnosticadas com a doença.

Em 2007, o número baixou, situando-se nos 41,8 casos novos por 100 mil habitantes, o mesmo será dizer que, foram notificadas 746 pessoas com tuberculose. Eduardo Coutinho, director do Centro de Diagnóstico Pneumológico (CDP) do Porto mostra-se contente com os resultados, afirmando, porém, que “o objectivo é diminuir ainda mais”.

Número de casos novos de tuberculose por 100 mil habitantes no Norte em 2007

– Póvoa do Varzim – 41
– Porto – 166
– Vila do Conde – 43
– Penafiel – 41

O Porto e a Póvoa de Varzim sempre tiveram uma forte incidência da doença. As designadas ilhas, as casas em más condições, com muitas pessoas num espaço diminuto, são algumas das razões apontadas para o facto de a cidade do Porto estar em segundo lugar. Eduardo Coutinho aponta ainda uma outra razão: “no distrito do Porto, tem-se feito um trabalho muito intenso nestes últimos anos, quase que se conta pelos dedos os casos que não são notificados e isso explica porque há sempre um número elevado de casos nesta região porque eles são detectados”.

A tuberculose afecta todos os estratos sociais, contudo há grupos de risco nomeadamente: toxicodependentes, sem-abrigo, reclusos, lares e até profissionais de saúde, por estarem expostos regularmente a situações de contágio. A tuberculose atinge todas as idades, mas é nos adultos activos entre os 30 e os 35 anos que há maior incidência da doença, afectando mais homens do que mulheres.

No concelho do Porto, têm-se efectuado múltiplos rastreios em populações de risco. “Ainda há pouco tempo, na noite no Porto, em zonas com elevado nível prostituição fizemos rastreios. Temos feito acções não só de divulgação mas também de rastreio na eventualidade de detectar casos de tuberculose e iniciar o tratamento mais rápido possível”, referiu ao JPN o director do CDP do Porto.

Remodelação dos CDP da região Norte

Na cidade do Porto está a funcionar um dos dois laboratórios do país com técnicas de diagnóstico da tuberculose inovadoras. Sete Centros de Diagnóstico Pneumológico no distrito do Porto foram completamente remodelados. “A maioria dos CDP no distrito do Porto foram apetrechados com os mais modernos equipamentos de radiologia que existe ao nível da Europa”, frisa Eduardo Coutinho.

“Temos uma unidade móvel que faz rastreios em toda a região e com equipamentos altamente sofisticados e modernos, do melhor que existe na Europa e isso também contribui para as melhorias de condições e os resultados têm saltado à vista”, sublinha.

No concelho do Porto, uma equipa de profissionais de saúde faz todos os dias 40 visitas domiciliárias para levar a medicação aos doentes que estão impossibilitados de se deslocarem aos serviços de saúde.

Caso de Penafiel

O álcool, as condições económico-sociais e culturais são algumas das causas para Penafiel ser um dos concelhos no distrito do Porto com maior incidência de tuberculose. Em 2006, foram detectados 64 casos, enquanto em 2007 foram identificados 41.

Jorge Ferreira Gomes, do CDP de Penafiel, receia que esta diminuição possa não ser consistente, consolidada, mas apenas uma flutuação ocasional.

Há muitos doentes no concelho com silicose (acumulação de pó nos pulmões) devido ao trabalho que desenvolvem nas pedreiras. Quem tem silicose corre um maior risco de contrair tuberculose. Inclusive, os tratamentos da tuberculose nos pacientes que também têm silicose são mais prolongados e o controlo sobre os familiares é também mais apertado.

Vão ser efectuadas novas campanhas de rastreio e acções de prevenção de saúde em algumas freguesias do concelho. “É preciso lembrar a doença às pessoas, há um descuido enorme por parte delas”, refere Jorge Ferreira Gomes.