20 dias depois do ciclone que abalou a Birmânia, a junta militar que rege o país asiático deu esta sexta-feira o aval à entrada de “todas” as organizações humanitárias para ajudar as vítimas do ciclone Nargis, que atingiu o país no início do mês.

O anúncio foi feito pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que esteve reunido com o responsável máximo da junta militar, Than Shwe, na capital do país, Naypyidaw, com o objectivo de convencer o chefe birmanês a autorizar a ajuda internacional ás vítimas do ciclone.

O responsável máximo da junta autorizou a utilização do aeroporto de Rangum como plataforma internacional para a distribuição da ajuda, referiu o secretário-geral da ONU, segundo a Reuters.

De acordo com a versão online do “New York Times”, os trabalhadores da ajuda internacional estão a receber os vistos para entrar no país, mas estão, porém, a ser impedidos de ir além da cidade de Rangum.

O regime militar birmanês tem sido acusado pelas organizações não-governamentais internacionais de seleccionar e atrasar a distribuição de ajuda, pondo em risco a vida de milhares de pessoas afectadas pelo ciclone. A 19 de Maio, o governo birmanês deu autorização para que a Associação das Nações do Sueste Asiático (ASEAN) coordenasse a ajuda internacional no país.

Até esta quinta-feira estavam apenas permitidas a entrar no território birmanês organizações do sudoeste asiático, nomeadamente equipas médicas da Índia, China, Tailândia, Laos e Bangladesh.

O ciclone Nargis arrasou a zona Sul do país. Cerca de 78.000 pessoas morreram e 56.000 estão desaparecidas. Três semanas depois do ciclone, as Nações Unidas estimavam que apenas um quarto das 2,5 milhões de pessoas afectadas pelo ciclone tivessem recebido ajuda.

O Parlamento Europeu pediu, na quinta-feira, o julgamento da junta militar birmanesa no Tribunal Penal Internacional. A instituição europeia acusa o governo birmanês de crimes contra a humanidade por ter recusado a entrada de ajuda humanitária.