As associações de pesca portuguesas convocaram uma paralisação das embarcações de pesca portuguesas para o próximo dia 30 de Maio, sexta-feira. Na base das reivindicações está o aumento do preço dos combustíveis.

“A pesca está altamente dependente dos combustíveis”, como afirma António Miguel Cunha, presidente da Associação dos Armadores da Pesca Industrial (Adapi), que diz ainda que, por exemplo, um barco que abasteça entre 30 a 40 mil litros de combustível, paga cerca de 25 mil euros.

Com a paralisação das embarcações, o peixe fresco poderá escassear nos mercados portugueses e atingir preços proibitivos. Segundo Miguel Cunha, caso “Espanha e França paralisem, todo o pescado fresco deixará de chegar a Portugal, apenas chegará o pescado de países não-comunitários, cujas condições higieno-sanitárias são muito duvidosas“.

Os armadores e pescadores garantem que só voltam ao mar quando o Governo tomar medidas que atenuem a crise que se vive no sector pesqueiro português.

Duarte Sá, secretário-geral da Associação de Armadores de Pesca do Norte (AAPN), refere que não sabe “quanto tempo a paralisação vai durar”. “Portugal não tem capacidade para produzir pescado em quantidade suficiente para abastecer a população portuguesa”, afirmou.

O sector das pescas tem passado por algumas dificuldades, pois, segundo Miguel Cunha, “é um sector de excepção, que não consegue controlar a sua produção, quer por questões aleatórias do tempo e condições do mar, quer por motivos de restrições impostas pela União Europeia”.

Sector das pescas contra Jaime Silva

O ministro da Agricultura e Pescas, Jaime Silva, afirmou à Lusa que os pescadores devem aproveitar os fundos comunitários para se modernizarem, em vez de pedirem subsídios para fazerem face aos constantes aumentos dos combustíveis.

Miguel Cunha explica que o fundo comunitário para a pesca no período 2007-2013 ainda não foi regularizado pelo ministério.

“Sector das pescas não tem motivos para fazer paralisação”

Fonte do Ministério da Agricultura e Pescas afirmou ao JPN que “três dos primeiros diplomas foram publicados sexta-feira, mas ainda não existe uma data para a regularização oficial da situação”.

A mesma fonte afirmou ainda que os pescadores portugueses não têm motivos para fazer uma paralisação por causa dos combustíveis, uma vez que “os pescadores, como os agricultores, só pagam metade do valor dos combustíveis, pois têm acesso ao gasóleo verde, ou seja, não pagam o ISP e o IVA”.

O presidente da Adapi ficou “chocado” com as declarações de Jaime Silva, que afirmou, esta quinta-feira, que o peixe é vendido na lota a 1,5 euros, em média, e no supermercado nalguns casos pagam-se 30 euros.