A uma semana do fim, a iniciativa “Japão no Porto”, que teve como mote a celebração dos 30 anos desde que foi assinado o acordo de geminação entre o Porto e Nagasaki, revela os seus frutos. A Câmara Municipal do Porto organizou, ao longo do mês, várias actividades de divulgação da cultura japonesa, incluindo mostras de artesanato, workshops, jogos, conferências, tertúlias, exposições, cursos e campanhas de promoção.

São diversos os espaços que têm acolhido a cultura japonesa e a dão a conhecer a visitantes e curiosos.

Forte adesão a formações de culinária japonesa

A loja e galeria Muuda reúne no seu espaço arte e design, colecções de estilistas portugueses, venda de livros, exposições de fotografia e um espaço para refeições. Durante este mês, a loja teve expostos nas suas montras vários artigos de influência japonesa. Augusto Silva, responsável pelo espaço, salienta a adesão das pessoas à cultura do Japão, referindo que “a maior parte dos artigos esgotou logo na primeira semana”.

O espaço para refeições foi um dos locais escolhidos para a realização de workshops de culinária japonesa e Augusto Silva revela que ele próprio aprendeu muito com a iniciativa. “Quando pensava em comida japonesa pensava em sushi, mas com os workshops aprendi que há muito mais, como, por exemplo, gelado de chá verde”.

Os workshops também tiveram muita adesão e em vez de dois, com uma lotação de 16 pessoas, que estavam previstos inicialmente, o espaço teve de acolher um terceiro para mais 19 pessoas interessadas. “Vieram imensas pessoas” a todas as iniciativas, refere o responsável, “tanto clientes da loja, como turistas alojados no hotel da rua”. O espaço recebeu inclusive a visita de alguns turistas japoneses.

Duas culturas unidas

O Clube Literário do Porto alberga uma exposição denominada “Duas cidades, dois rios, dois olhares”, protagonizada pelos artistas plásticos Mami Higuchi do Porto e Sanae Yamamoto de Nagasaki. Matilde Monteiro, uma das responsáveis pelo espaço salienta que iniciativas que mostrem culturas diferentes “são muito boas, porque permite que as pessoas tenham contacto directo com o que aconteceu e tem acontecido”, neste caso entre Portugal e o Japão.

A adesão tem sido muito grande, “não só pelas pessoas que foram convidadas através do site do clube literário, por utentes do clube e também por outros visitantes”, refere a responsável.

“É tudo muito apaziguador”

No ano passado, alunos de várias escolas do Porto, em conjunto com representantes da câmara municipal plantaram nos jardins do Palácio de Cristal, junto à Biblioteca Municipal Almeida Garrett, uma árvore “kaki” (diospireiro), descendente da única árvore que sobreviveu à bomba nuclear. A árvore tem sido plantada em diversas regiões do mundo “para mostrar que apesar da destruição há sempre esperança de que tudo se renove”, explicou Maria Adelaide, uma das bibliotecárias que esteve presente em diversas actividades que decorreram nos jardins.

Neste mês, a biblioteca expôs no seu átrio cascatas de origami e alguns objectos típicos do Japão. Todos os sábados é organizada, na Hora do Conto, a leitura de contos tradicionais japoneses, bem como a sua encenação. “Quem passa é captado pela beleza”, referiu Maria Adelaide.

A mostra “vem suscitar a atenção de quem está mais preparado para o Oriente”, mas também “atrai curiosos”. “Muita gente aderiu aos origamis, muitos perguntam pelo chá, porque estão expostas embalagens antigas e porque estamos numa época em que há uma proliferação” desta bebida.

“Ficámos a conhecer muitas coisas”, revelou Maria Adelaide, “é tudo muito apaziguador, a música, a pintura, os objectos”, porque é tudo “meticuloso, paciente, laborioso e belo”.