Seis elementos da lista derrotada nas eleições para a direcção da Associação de Comerciantes do Mercado do Bolhão (ACMB) decidiram criar uma nova associação. Considerando-se “isenta”, “descomprometida” e “independente”, a associação conta já com cerca de 100 assinaturas, explicou José Maria Silva, mandatário da nova associação.

Por trás da criação deste órgão está a alegada ilegalidade na convocação das eleições de 15 de Maio. “Não foram dispensados os prazos estipulados nos estatutos para a convocação das eleições, assim, o acto eleitoral e os órgãos que tomaram posse são ilegais”, acrescentou ao JPN José Maria Silva. A nova associação já apresentou em tribunal uma acção para anulação das eleições.

Os membros da nova associação esperam pela decisão do tribunal para decidir que acções tomar. A possível continuidade do projecto, bem como a extinção do mesmo não são rejeitadas. “Em princípio a associação vai continuar o seu caminho, mas não está definido”, garantiu o mandatário.

Se o tribunal aceitar a anulação das eleições haverá um novo acto eleitoral. “Os componentes da nova associação podem concorrer, mas não faz sentido que o façam e, ao mesmo tempo, criem outra associação”.

Com o apoio da Plataforma de Intervenção Cívica (PIC), a nova associação pretende ser um movimento mais “abrangente, com uma maior representatividade”, segundo José Maria Silva, que também faz parte da PIC. “Engloba não só os comerciantes do interior e exterior do Bolhão, mas também os das zonas envolventes, porque, se o Bolhão for abaixo, estes também vão sofrer as consequências” acrescentou.

Na próxima semana, será apresentado a declaração de princípios da nova associação e a comissão instaladora da mesma, já eleita.

“Foi tudo feito de acordo com os regulamentos”

Alcino Sousa, presidente da ACMB, desmentiu as alegadas ilegalidades nas convocações das eleições. “Foi tudo rigorosamente feito, de acordo com os regulamentos” disse. Em relação à nova associação, Alcino Sousa mostrou-se despreocupado. “As pessoas têm legitimidade para fazer o que entenderem”.

Segundo José Maria Silva, 40 comerciantes que pertenciam à ACMB já assinaram pela nova associação. Em resposta, Alcino Sousa referiu ao JPN que “cada um é livre de fazer o que entender e de escolher o melhor caminho”. “Eu não imponho nada a ninguém”, afirmou.

Esta quarta-feira, na tomada de posse dos novos órgãos gerentes da ACMB, Alcino Sousa salientou que o trabalho desempenhado pelos comerciantes do Bolhão é o resultado da “luta de todos os comerciantes, excepto daqueles que podem estar no lugar errado”. “Os comerciantes são os resistentes do Mercado do Bolhão. Vou continuar a trabalhar ao serviço deles”, rematou.