A National Geographic Society apresentou esta quinta-feira, em Washington, as conclusões da pesquisa arqueológica “The Stonehenge Riverside Project”, liderada pelo professor de arqueologia e escritor Mike Parker Pearson, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido.

A investigação, baseado em testes de radiocarbono, revela que o monumento pré-histórico mais famoso da Grã-Bretanha foi usado como cemitério durante 500 anos, ou seja, que pouco depois da sua construção no ano 3000 antes de Cristo (a.C.), quando ainda não passava de uma vala circular, o Stonehenge já era utilizado para enterrar corpos. Esta descoberta contraria o que se pensava até agora: para os especialistas, o monumento só teria servido de cemitério entre os anos 2700 e 2600 a.C., antes dos blocos de pedra terem sido erguidos.

Em comunicado, Mike Parker Pearson explicou que “agora está claro que Stonehenge teve um carácter funerário em todas as suas fases”. “Foi usado como cemitério desde a sua construção até ao seu abandono”, o que é “muito mais tempo do que aquele que julgávamos”.

A investigação foi a primeira a realizar testes de radiocarbono aos vestígios de cremações encontrados junto ao monumento. Os restos mortais mais antigos (uma pilha de ossos e dentes encontrados numa zona de escavações conhecida como Aubrey Holes) datam de 3030 a 2880 a.C.

Os vestígios mais recentes, encontrados numa escavação a norte do Stonehenge, pertencem a uma mulher de cerca de 25 anos, cremada e enterrada entre 2570 e 2340 a.C., data em que se pensa terem sido colocadas as primeiras pedras do monumento. A equipa especula que todos os vestígios encontrados poderão corresponder a uma única família.

Cemitério reservado para elite

“Não penso que pessoas comuns pudessem ser enterradas no Stonehenge – este era claramente um sítio especial naquela altura”, salientou Parker Pearson. Especulações de especialistas indicam que o monumento foi um local reservado a uma elite, possivelmente “chefes de uma tribo do Neolítico” responsáveis pela construção do edifício, mas também os únicos a serem enterrados no local.

“Acima de tudo, estamos a descobrir que Stonehenge fazia parte de uma sociedade sofisticada com grandes conquistas”, salientou o arqueólogo. “Duvido que eles se tenham apercebido de que iriam criar tanto mistério no mundo que haveria de vir”.