Tendo em conta o ranking internacional dos atletas, Portugal conquistou oito vagas em natação para os Jogos Paraolímpicos de Pequim. O número é superior ao das quatro participações anteriores, mas os lugares disponíveis são insuficientes para todos os atletas em condições de competir.

Um total de dez portugueses atingiu os mínimos necessários para participar. No entanto, até ao último dia de inscrições, dois terão de ser excluídos da comitiva. “A selecção será feita com base no lugar dos atletas no ranking do Comité Paraolímpico Internacional”, explicou ao JPN Mário Cardoso, coordenador técnico nacional.

Até lá, os dez nadadores vão continuar em provas que podem determinar quais serão os melhores cotados para ir a Pequim. O campeonato nacional do fim-de-semana de 7 e 8 de Julho é fundamental para a escolha.

Mário Cardoso considera ser “precoce” antecipar quem vai ficar apurado. “Até à data de encerramento da qualificação, todos os atletas estão em pé de igualdade e podem lutar por um um lugar entre os oito melhores”, garantiu.

O coordenador ressalva que os bons resultados dependem muito da relação de força com os adversários, pelo que, “bater os recordes pessoais” deve ser o primeiro objectivo dos atletas. “Se isso implica ficar dentro dos oito finalistas óptimo, ficar dentro dos três primeiros melhor”.

“Chegarmos às finais é um sucesso”

Nélson Lopes é um dos atletas com mínimos para ir a Pequim. Ficou em sexto lugar em Sidney nos 50 metros costas e alcançou o ouro nos Eurowaves de 2007 na República Checa na mesma prova. Este ano vai competir nos 50 metros costas e 150 estilos. “Espero primeiro de tudo chegar às finais e depois tentar fazer o melhor possível”.

Para a nadadora Leila Marques estes serão os quartos Jogos Paraolímpicos. Em Atenas, conseguiu os melhores resultados, ao chegar a cinco finais e bater seis recordes nacionais. Para Pequim, os seus objectivos são “melhorar as marcas pessoais, bater recordes nacionais e sobretudo atingir uma final nos 100 metros bruços”.

A nadadora acredita ser “complicado” chegar às medalhas, mas assegura que “possibilidades há sempre”. “Vou lutar pelos lugares cimeiros”.

Carlos Mota é membro da equipa técnica portuguesa e treinador de quatro atletas com mínimos: Leila Marques, David Grachat, Maria João Morgado e Joana Calado. As suas expectativas centram-se em atingir as finais. “Se isso acontecer é um sucesso para os nadadores”, garantiu.

Na última edição da prova, em Atenas 2004, a comitiva portuguesa levou sete atletas e conquistou três medalhas de bronze. Duas foram conquistadas por João Martins, que este ano está pré-seleccionado para competir nos 50 metros costas.

Estão ainda no lote de nadadores com mínimos Diana Guimarães, Emanuel Gonçalves, Perpétua Vaza e Simone Fragoso.

“A natação vai evoluir muito mais” se tiver mais apoio e condições

Mário Cardoso afirma que o “grande desafio” da natação adaptada é conseguir que os clubes invistam numa maior profissionalização da modalidade. “É essencial que os clubes de natação potenciem o nível que os atletas são capazes de atingir e lhes dêem condições de treino e trabalho para atingir níveis elevados”. O coordenador técnico nacional considera que nessa altura “a natação vai evoluir muito mais”.

O nadador Nélson Lopes acredita que a “natação tem bastante potencial e qualidade”. “Isso prova-se pelas medalhas que temos trazido dos campeonatos da Europa e do Mundo”, afirma. Contudo, reconhece que ainda são poucos os atletas e que há um grande espaço de evolução na modalidade.

“Cá em Portugal, não podemos ter atletas profissionais porque não há apoios do Estado como em outros países”. Segundo o nadador é necessário haver mais bolsas e maiores apoios a nível profissional.