Várias empresas de transporte de mercadorias estão a organizar manifestações em diversos pontos do país, num protesto pelo aumento dos preços dos combustíveis. As acções de contestação estão marcadas para o Porto, esta sexta-feira, para Ponte de Lima e Viana do Castelo, no sábado, e para segunda-feira em todo o país.

A razão do descontentamento é o preço dos combustíveis que afecta os recursos das empresas de transporte. Manuel Oliveira, gestor de frota da Crespotir, explicou ao JPN que a empresa vai aderir aos protestos do Porto e nacionais, embora pense que “não vai resolver nada”. O gestor acredita que se a situação se mantiver “vai obrigar a fechar empresas, porque as despesas são insuportáveis”. “Vão muitas pessoas para o desemprego e talvez seja isso que o Governo quer”, salienta.

Para Ponte de Lima e Viana do Castelo está marcado um “buzinão” durante o percurso entre as duas cidades, inserido no encontro anual do Núcleo de Camionistas do Minho (Nucaminho).

ANTRAM aposta no diálogo

Na segunda-feira, uma greve irá atingir outros pontos do país, numa acção que começará nesse dia à meia-noite e que não tem fim marcado. As manifestações nacionais não contam com o apoio da Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e, por isso, várias empresas nacionais contactadas pelo JPN afirmaram não participar nestes protestos, esperando por sábado, dia em que se irá realizar uma reunião da ANTRAM na Batalha.

António Mousinho, presidente da ANTRAM, explicou ao JPN que “a ANTRAM compreende e tem consciência que essas acções e reuniões representam o sentimento geral de insatisfação dos trabalhadores e identifica-se completamente com todas elas”. “Mas também é uma associação responsável e estando, neste momento, em contacto com o Governo tem primeiro que levar este diálogo até ao fim e esperar pelos resultados”, ressalta.

FECTRANS diz que greve é inconstitucional

Ao ter conhecimento de uma possível greve a partir de segunda-feira, a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), acusou essa acção de ser “ilegal”. Vítor Pereira, dirigente da federação, explicou ao JPN que “as empresas não podem fazer greves, só os trabalhadores podem e caso exista alguma empresa que avance nesse sentido está a cometer uma ilegalidade”.

Para o dirigente, estas são lutas de patrões, em que os trabalhadores não se devem meter. “Os trabalhadores devem lutar é por melhores condições de trabalho e de vida. Nós entendemos que o aumento do combustível é capaz de criar problemas a muitas empresas, mas a situação que se vive no sector é uma situação difícil devido à precariedade laboral que existe, aos baixos salários e à concorrência desleal”, referiu.