O Partido Popular (PP) apresentou esta quinta-feira na Assembleia da República, durante o debate quinzenal, a terceira moção de censura ao governo de José Sócrates, nos últimos seis meses. A proposta foi chumbada pela maioria socialista. PSD, PCP e Bloco de Esquerda abstiveram-se.

Na sua intervenção inicial, o líder do PP, Paulo Portas, apresentou os fundamentos da moção. As “previsões económicas falhadas”, a subida do imposto sobre produtos petrolíferos, a “repartição injusta do esforço económico e o esquecimento dos mais pobres” foram alguns dos aspectos focados.

Portas centrou-se também na justiça e na educação, ao lembrar o que diz serem os erros cometidos nas leis orgânicas da GNR, da PJ e da PSP, e a retirada de faltas levada a cabo pela ministra da Educação, que “não é a melhor forma de combater o abandono escolar”. E defendeu a ideia de que o actual Governo, passado três anos, “não tem resposta para a crise actual”.

Moção de censura “oportunista”

O primeiro-ministro, José Sócrates, classificou a moção de “oportunista e irresponsável”, porque defendeu o PP apenas “usou a crise internacional que se vive actualmente para criticar o Governo”.

O primeiro-ministro disse-se surpreendido ao verificar que os populares, “que tanto defendem a estabilidade política”, apresentassem uma proposta que “só iria criar instabilidade no país”.

Depois das críticas de Paulo Portas aos meios usados pela Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), Sócrates referiu também que não entende por que é que o PP combate todas as instituições que defendem a lei e a ordem.

15 perguntas

Num debate que durou cerca de três horas e meia, dominado por questões sociais e económicas, nomeadamente as desigualdades sociais e o preço dos combustíveis,
o PP voltou a criticar José Sócrates por fugir às questões da bancada popular: “Fizemos 15 perguntas, o senhor primeiro-ministro teve zero respostas”, salientaram vários deputados populares.

Uma crítica que se vem repetindo nos últimos debates quinzenais por parte das outras bancadas parlamentares que acontece porque, segundo Diogo Feio, deputado do PP, José Sócrates “passa o tempo a criticar governos anteriores”.