Começou esta quinta-feira no hotel Sheraton, no Porto, o 18º Encontro Anual do European Childhood Obesity Group, um grupo internacional criado em 1990 para debater assuntos relacionados com a obesidade em idade precoce. A iniciativa é a primeira em Portugal, prolonga-se até sábado e conta com a presença de mais de 200 investigadores de vários pontos do mundo.

Durante o encontro, patrocinado pelas Faculdades de Medicina (FMUP), de Nutrição (FCNAUP), e de Desporto (FADEUP) da Universidade do Porto, vão ser debatidos as principais estratégias de prevenção da doença, as consequências a longo prazo e as novas técnicas terapêuticas.

Carla Rego, investigadora na FMUP e responsável pelo evento, classifica a alimentação das crianças como “francamente desequilibrada”. Além disso, a publicidade vê nas crianças um público fácil de cativar. Para a pediatra, é necessário criar uma lei que limite o tempo da publicidade “a alimentos hiper-calóricos durante a programação infanto-juvenil”.

Índice de Massa Corporal

Para o rastreio da obesidade recomenda-se o uso do Índice de Massa Corporal (IMC), isto é, a relação entre o peso (Kg) e a altura ao quadrado (m2). Uma criança com idade superior a 2 anos é considerada obesa quando o seu IMC é igual ou superior ao percentil 95.

Em todo o mundo, é cada vez maior o número de pessoas em idade precoce que apresentam excesso de peso. Porém, segundo a especialista, esse incremento, que era mais elevado nos países desenvolvidos, é agora mais alto nos países em vias de desenvolvimento.

Falta de exercício físico, uma alimentação pobre em fibras, excesso de ingestão de alimentos açucarados e uma vida sedentária são os principais factores que fomentam a obesidade infantil. Carla Rego defende, no entanto, que alimentação da mulher antes e durante a gravidez “é determinante no peso do bebé e no desenvolvimento obesidade na sua vida futura”.

A tomada de consciência para os riscos associados à obesidade infantil, como a diabetes, deve partir dos pais. Apesar das pessoas começarem a interiorizar que “não é bom ter excesso de peso” a pediatra afirma que ainda “não há uma plenitude do assumir das consequências que advêm desta doença”.