Foi anunciado esta quinta-feira o novo Plano Galego para as Artes Cénicos da Consellaría de Cultura e Deporte da Galiza, que pressupõe um investimento de 66 milhões de euros até 2011 e contempla o financiamento de produções conjuntas entre companhias de teatro portuguesas e galegas.

A apresentação do plano foi integrada no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), que “há 30 anos faz intercâmbio efectivo com a Galiza”, disse o director artístico do festival, Mário Moutinho.

O plano, projectado com a colaboração de várias universidades, meios de comunicação e investigadores, representa a “segunda fase de mudança da política cultural” na Galiza, explicou o director-geral de Criação e Difusão Cultural galego, Luís Bará Torres. O programa tem a duração de cinco anos e tem como objectivos promover as artes cénicas em diversas vertentes: na sua “dimensão sócio-cultural”, nos “processos de criação, inovação e formação”, na valorização do património, no desenvolvimento da indústria cultural e na sua “internacionalização”.

Galiza interessada em “consolidar acordo informal” com o Norte

A Galiza tem interesse em “potenciar os vínculos com o Porto”, dado que existe uma “partilha do espaço cultural” entre as duas regiões, afirmou Luís Bará Torres. O galego realçou a existência de “um espaço para companhias teatrais de Portugal” na Feira Galega das Artes Escénicas, que este ano vai decorrer de 13 a 17 de Outubro, em Santiago de Compostela, e que conta já com três espectáculos lusófonos.

Bará Torres exprimiu vontade de “consolidar o acordo informal” existente entre o Norte de Portugal e a Galiza, “aproveitando toda a experiência” reunida nas parcerias dos últimos anos. O Plano Galego para as Artes Cénicas inclui “medidas de apoio económico a projectos de empresas e companhias galegas e portuguesas”. “Temos confiança que este programa possa fortalecer as infra-estruturas para as nossas relações”, acrescentou.

É preciso um “plano base” em Portugal, diz Mário Moutinho

Mário Moutinho explica que o “intercâmbio muito pouco organizado” entre o Norte do Portugal e a Galiza foi esmorecendo porque “as estruturas da Galiza começaram a trabalhar em rede” e não houve um “acompanhamento igual do lado de Portugal”.

Contudo, o director-artístico do FITEI esclarece que já existe “uma ligação” entre o governo galego e a Direcção Regional de Cultura do Norte, que “já tem informação suficiente para estabelecer com a Galiza acordos interessantes”.

Existe uma urgência em “melhorar ao nível da regulação”, sublinha Mário Moutinho, já que “cada vez que se muda de ministro, altera-se tudo”. “Não posso perspectivar agora o festival do próximo ano porque não sei o que vai ser o próximo concurso, porque o ministro mudou há dois ou três meses e já está a pensar mudar tudo outra vez”, afirma. De acordo com Moutinho, era necessário “um plano base”, sujeito a alterações, mas que permitisse “planificar as coisas”.