O ex-vereador da Câmara Municipal do Porto, Luiz Oliveira Dias, que foi responsável pelo projecto de reabilitação do Mercado do Bolhão durante oito anos, explicou, esta segunda-feira, que o processo de recuperação do edifício não chegou a avançar devido ao custo “muito elevado” da obra.

“Seja, ou não, surpreendente, não se formou, nessa época, nenhum movimento de opinião chamando a atenção para a degradação crescente do mercado”, disse Oliveira Dias.

“Concluído o projecto de reabilitação, não chegou a ser aberto o concurso para a execução da obra porque não foi contemplada no Plano de Actividades e Orçamento da câmara”, explica Oliveira Dias num documento entregue aos jornalistas à margem da audiência que teve com o deputado socialista Fernando Jesus, responsável pelo relatório que terá de ser entregue na Assembleia da República sobre a situação do Mercado do Bolhão.

O ex-vereador do pelouro dos Mercados esclareceu, ainda, que a paragem no processo “nada teve a ver com falta de entendimento quanto à instalação dos comerciantes durante o período de execução das obras” nem com as obras do Metro. “Para a não inclusão da reabilitação do Mercado do Bolhão no Plano de Actividades e Orçamento da Câmara foi apresentada exclusivamente argumentação de natureza financeira e económica”.

Oliveira Dias explicou que “o custo da obra, mesmo faseado no tempo, era muito elevado”. “Foi feito todo o possível para reduzir o custo da obra, mas apesar de se conseguir uma redução importante, a decisão de adiamento foi irrevogável”, referiu, no mesmo documento.

“Seja, ou não, surpreendente, não se formou, nessa época, na cidade do Porto, nenhum movimento de opinião, reclamando o reatamento do processo, chamando a atenção para a degradação crescente do mercado e para a despesa já efectuada com o projecto de reabilitação”, considerou.

“Estou completamente aberto para colaborar”

Na manhã desta segunda-feira foi também ouvido o arquitecto Joaquim Massena, representante da Plataforma de Intervenção Cívica do Porto (PICP), que voltou a afirmar que “o Mercado do Bolhão vai ser demolido se não houver intervenção”.

Joaquim Massena foi o responsável pelo projecto de reabilitação do mercado há dez anos, mas tem-se mostrado receptivo a colaborar caso o mercado se mantenha. “Logo que garantam que o mercado não é demolido, estou completamente aberto para colaborar”, afirma Massena.