Tem custos acrescidos e dará origem a deslizamentos de prazos, mas, segundo o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Carlos Lage, uma linha inteiramente nova de alta velocidade entre Porto e Vigo “serve melhor todas as vertentes” que se pretendem atingir com um projecto desta envergadura.

A conclusão é retirada de um estudo encomendado pela CCDR-N às faculdades de Economia das universidades do Porto e do Minho, de forma a avaliar o impacto de uma ligação ferroviária de alta velocidade a nível sócio-demográfico e micro e macroeconómico no Norte do país. O documento foi enviado ao Governo esta segunda-feira.

O custo total de uma linha integralmente nova, do lado português, está estimado em 1,5 mil milhões de euros e reduz o tempo de viagem para passageiros para um terço do tempo actual.

Prazo-limite para concessão já em 2009

Carlos Lage considera imperioso que “a linha se faça” e que o primeiro passo “irreversível” se dê já em 2009, com a abertura da concessão de uma linha que ligue o aeroporto Francisco Sá Carneiro a Vigo, com uma paragem em Braga.

A solução alternativa, faseada, visa a construção de uma linha entre Braga e a fronteira, aproveitando-se a já existente entre o Porto e a cidade minhota. “Temos que ser realistas e os custos de uma linha integralmente nova podem exceder esta solução em 635 milhões de euros”, explica Carlos Lage.

20 mil novos postos de trabalho com a construção

Uma ligação de alta velocidade entre o Norte de Portugal e a Galiza teria um peso de cinco mil milhões de euros e criaria 20 mil postos de trabalho, directos e indirectos. A garantia foi dada por Cadima Ribeiro, responsável pelo estudo.

“A nível microeconómico, esta linha permite a geração de benefícios sociais agregados na ordem dos 615 milhões de euros”, explicou Cadima Ribeira, que defendeu ainda que o Norte beneficiaria com a intermodalidade que o projecto permite.

A grande vantagem da solução integral é a “concordância da rede ferroviária portuguesa com a bitola ibérica, em crescimento, e com a europeia”. Cadima Ribeiro afirma que a nova linha pode atingir 2,5 milhões de pessoas “com serviço directo”, para além de garantir um “apoio às actividades e as populações, que vivem numa situação frágil com pouco poder de compra”.

“O projecto pode ser um elemento de cativação de investimento e de novas oportunidades”, sustentou.