O antigo presidente da Câmara do Porto Fernando Gomes classificou, esta segunda-feira, os mercados públicos como um “serviço público” que deve ser mantido pela autarquia. “Para espaços privados de abastecimento público já existem os hiper e os supermercados”, afirmou.

O ex-autarca falava aos jornalistas depois de uma reunião no Governo Civil do Porto com o deputado socialista Fernando Jesus, responsável pelo relatório que terá de ser entregue na Assembleia da República sobre a situação do mercado.

Para Fernando Gomes, trata-se de “um edíficio emblemático da cidade do Porto”, que não lhe agradaria ver descaracterizado. O agora administrador da Galp é da opinião de que é necessário pedir ajudas aos privados, desde que não seja para descaracterizar o mercado.

Apesar de acreditar que as parcerias público-privadas são vantajosas porque “aliviam o sector público”, Fernando Gomes classifica o que está a acontecer no Bolhão como a preparação para um “shopping center do Bolhão”. “Em todo o mundo está-se a regressar aos mercados tradicionais, mas com as exigências dos tempos modernos. É importante conciliar o mercado tradicional com algumas melhorias, mas mantendo a sua principal função”, defendeu.

Gomes desmente antigo vereador

Enquanto presidente da Câmara do Porto, Fernando Gomes lançou um concurso internacional para recuperar o Mercado do Bolhão. O arquitecto vencedor foi Joaquim Massena (hoje um dos rostos do movimento de oposição ao projecto da empresa TramCroNe), mas o projecto não avançou.

Fernando Gomes reuniu com Fernando Jesus

De acordo com Oliveira Dias, então vereador, tal deveu-se a razões financeiras (conforme disse após uma outra reunião com Fernando Jesus). Esta segunda-feira, Fernando Gomes declarou que o antigo vereador “está enganado” e que a Câmara do Porto nunca discutiu esse assunto em nenhuma sessão.

Fernando Jesus explicou que para as próximas audiências gostaria de falar com o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arquiológico (IGESPAR, antigo IPPAR) e com a Câmara do Porto, mais precisamente com o vereador do Urbanismo, Lino Ferreira. O relatório só será entregue depois destas duas partes serem ouvidas e do IGESPAR definir a sua posição sobre o assunto.