Baião, Marco de Canavezes e Amarante são, por esta ordem, os concelhos mais pobres da região do Tâmega, no distrito do Porto. A região, uma das mais pobres do país, foi analisada pela Rede Europeia Anti-Pobreza / Portugal (REAPN), que revelou esta quarta-feira as conclusões de um estudo sobre a área (em PDF).

No total, em Janeiro de 2008 eram mais de 20 mil os desempregados registados na região. “Cerca de 70% do sexo feminino”, acrescenta Jardim Moreira.

Com o objectivo de associar o impacto do desemprego na pobreza e a exclusão social da região, um dos pontos de relevo do estudo é o facto de o acesso ao emprego não garantir uma saída de uma situação de empobrecimento. Isto porque, na região Porto-Tâmega, a população apresenta baixos níveis de qualificação. Jorge Caleiras, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, convidado a comentar os resultados do estudo, lamenta que a “falta de protecção pública contribua para a pobreza”.

“Está provado que o crescimento económico não é a resposta porque não contribui para que os pobres deixem de o ser”

“Quais as soluções encontradas? O trabalho informal é um recurso incontornável, tal como é a produção doméstica, o recurso a poupanças próprias ou familiares e restrições. A emigração, muito notória em alguns concelhos, também é solução”, afirmou Caleiras. O trabalho precário com um ganho médio que pode chegar a 350 euros a menos do que a média da região Norte é outro dos fortes motivos para o aumento da pobreza nesta zona.

O estudo realça ainda “as taxas elevadas de desemprego jovem” e dos “desempregados muito desqualificados e de longa duração”, bem como o aumento dos chamados “novos pobres”, diz o padre Agostinho Jardim Moreira, presidente da REAPN.

Críticas às políticas de combate à pobreza

O tom dominante foi de lamentação em relação àquilo que vem a ser feito no combate à pobreza. O padre Jardim Moreira diz mesmo que, “apesar dos investimentos feitos, não há um único que demonstre resultados”.

José Manuel Henriques, professor do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, fala numa “sensação de ineficácia da acção, apesar de se invocarem os milhões gastos no combate à pobreza”. “Está provado que o crescimento económico não é a resposta porque não contribui para que os pobres deixem de o ser”, afirma.