Até 29 de Junho

A versão para crianças (maiores de 4 anos) é exibida às quartas e quintas-feiras, às 10h30 e 15h, e às sextas e sábados, às 15h. A peça para adultos (maiores de 12) pode ser vista sexta-feira e sábado, às 21h30, e domingo, às 16h. Ambas ficam no TeCA até 29 de Junho

São duas perspectivas sobre um mesmo mundo delirante transformadas em duas peças de teatro. “Muna”, a produção que a companhia Visões Úteis mostra no Teatro Carlos Alberto (TeCA), no Porto, tem duas versões, uma para crianças (estreou esta quarta-feira), outra para adultos (a partir de sexta).

O resultado não coincide com a ideia inicial da companhia, uma mesma peça que ligasse as reacções de crianças e adultos perante o fantástico e o medonho, reconhecem Catarina Martins, Ana Vitorino e Carlos Costa, responsáveis pela dramaturgia e direcção das peças.

“Chegámos à conclusão, a certa altura do percurso, que há um lado mais negro, que só podia ser para os adultos, e que havia outro tipo de coisas que faziam muito mais sentido para crianças”, afirma Catarina Martins. “Muna” foi, por isso, “desdobrada em dois espectáculos”, “dois objectos autonómos”, mas que, vistos em conjunto, funcionam como um objecto artístico diferente.

Ambas as peças partem de situações em que a “mecânica do mundo está desequilibrada”, aponta Carlos Costa. Na versão para os mais novos (uma das primeira aventuras da companhia portuense no teatro infantil), parte-se da perspectiva de uma criança febril num sono com interferências do mundo exterior (ruídos de televisão, da rádio). Na versão para adultos, a viagem pela “Muna” (o mundo de fantasia) deve-se à dor de um pai que perde um filho.

Para a construção de “Muna” foi fundamental “O Rei dos Elfos”, poema de 1782 de Johann Wolfgang von Goethe, que veio introduzir o tema do salvamento, “a ideia que as crianças têm como muito segura: o adulto como alguém que vai tomar conta dela”, diz Catarina Martins.

Ambas as peças partilham muitas semelhanças em termos de cenários, adereços e personagens, facto que reforça a ligação entre elas e as semelhanças entre os mundos das crianças e dos adultos. “Interessa-nos mais como estamos a olhar, não tanto para onde estamos a olhar”, aponta Carlos Costa.