O presidente do Eixo Atlântico, Luís Filipe Menezes, solicitou uma audiência “com urgência” ao primeiro-ministro para falar sobre o que diz ser a incerteza em torno da ligação ferroviária Porto-Vigo em alta velocidade.

“O facto de ter sido lançado o concurso do primeiro troço da linha Lisboa-Madrid, sem que tenhamos nenhuma data da linha do Norte e apenas uma vaga confirmação da senhora secretária de Estado dos Transportes, engenheira Ana Paula Vitorino, de que será no próximo ano, está a criar um alarme social tanto no Norte de Portugal como na Galiza”, lê-se na carta enviada esta quarta-feira a José Sócrates.

Na qualidade de presidente do Eixo Atlântico, associação que congrega municípios do Norte de Portugal e Galiza, Espanha, Menezes alerta que “o atraso da linha portuguesa poderia eventualmente afectar a parte espanhola desta mesma ligação, o que está a provocar chamadas de alerta que temos vindo a receber dos líderes económicos e sociais” das duas regiões.

Críticas a Morais Sarmento

Esta quarta-feira, em conferência de imprensa, o autarca de Gaia disse que esta chamada de atenção “positiva” tem como objectivo evitar o atraso face ao compromisso do Governo, que fixou o ano de 2013 para a conclusão da ligação Porto-Vigo. “Cada ano que nos afastamos dessa ambição é um ano que prejudicamos a economia dos dois Estados. 2013 é exequível desde que haja vontade”, disse.

“É preciso trabalhar mais depressa”, acrescentou. “É preciso pedalar porque do lado espanhol os trabalhos estão muito adiantados. Seria muito negativo se do lado de Espanha houvesse condições para fazer a ligação até à fronteira e do lado de Portugal o trabalho de casa não estivesse feito”.

Criticando “a gente que fala do que não sabe”, numa referência a Nuno Morais Sarmento, dirigente do PSD que defendeu que o TGV não é uma prioridade, o presidente do Eixo Atlântico considera “indiscutível” que a rede de alta velocidade é necessária e útil. “A forma como se constrói a alta velocidade e a forma de financiamento são questionáveis, mas parece-me óbvio que precisamos de uma rede de alta velocidade”, disse.

Esta convicção é reforçada pela situação de “estrangulamento” da linha do Norte no que toca a transporte de mercadorias. Segundo Menezes, uma linha de alta velocidade Porto-Vigo libertaria a linha actual de parte do tráfego de pessoas, tornando-a mais competitiva no que toca ao transporte de bens.