Criada em 25 de Junho de 1990, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) comemora esta quarta-feira 18 anos de existência. A APAV apoiou, ao longo dos anos, mais de 150 mil pessoas. Segundo as estatísticas da APAV relativas a 2007 [PDF], desde que entrou em funcionamento, a associação registou um total de 73.289 processos de apoio, que resultaram em 138.526 crimes.

Um projecto que o vice-presidente da APAV, João Lázaro, considera “inovador e necessário na sociedade portuguesa”. Há quase duas décadas que a associação tem desempenhado um papel prioritário na “protecção e defesa dos direitos das vítimas de crime e no apoio personalizado a essas vítimas”, referiu ao JPN.

O trabalho da APAV passa também pela sensibilização da sociedade portuguesa para as vítimas de crime. A associação teve, segundo João Lázaro, um papel importante ao tornar a “sociedade portuguesa mais compreensiva em relação à necessidades e aos direitos das vítimas”.

“A voz das vítimas”

Apesar das quase duas décadas de existência, o vice-presidente da APAV considera que ainda há muito a fazer. “Existem grandes desafios e ainda muito caminho a palmilhar, quer em termos da contínua qualificação dos serviços prestados e dos voluntários, quer para a criação de serviços de apoio à vítima junto das várias comunidades”, disse.

Actualmente, a associação apoia anualmente cerca de 20 mil pessoas (entre vítimas, familiares e amigos) anualmente, um número que tem vindo a aumentar ao longo dos anos. João Lázaro considera que a APAV tem desempenhado “um papel extremamente importante”, em comparação com outros países europeus. A APAV é a “voz das vítimas” na sociedade, de acordo com o jurista.

A APAV é constituída por 15 gabinetes de apoio à vítima (GAV), duas casas de abrigo para mulheres e crianças vítimas de violência, uma linha de apoio telefónico (707 20 00 77), uma unidade de apoio à vítima imigrante e de discriminação racial ou étnica e 220 voluntários.

GAV Porto recebeu mais de 12 mil processos

O Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) do Porto, criado a 20 de Março de 1992, registou, até 2007, 12.914 processos de apoio. Desses, só 1491 se referem ao ano passado. “85% das vítimas são mulheres” na faixa etária entre os 26 e os 45 anos, referiu Elisabete Nascimento, assessora técnica do GAV Porto. Já os agressores são, na maior parte das vezes, homens (84%). “A violência doméstica é o crime mais denunciado”, acrescentou.

No Porto, bem como nas restantes regiões do país, a APAV trabalha em articulação com instituições e associações locais, entre as quais Segurança Social, escolas, centros locais e comissões de protecção. “É necessário abrir horizontes e articularmo-nos com outras entidades para as respostas serem mais rápidas”, explicou Elisabete Nascimento.