A Junta Metropolitana do Porto (JMP) contestou, esta quarta-feira, um estudo encomendado pela ANA – Aeroportos de Portugal que questiona a viabilidade de uma concessão a gestores privados do Aeroporto Francisco Sá Carneiro e que conclui que a infra-estrutura dá prejuízos avultados. O teor do estudo foi noticiado na última edição do semanário “Expresso”.

Rui Rio falou aos jornalistas após uma reunião com a Associação Comercial do Porto (ACP) em que, segundo o presidente da JMP, se “reforçou claramente o consenso” entre as duas entidades em torno do aeroporto. Rio classificou a notícia como “um passo atrás” no caminho para a concessão do aeroporto a uma nova gestão e questionou mesmo a sua veracidade. “Não sei se existe tal estudo, as contas não batem certo”, afirmou.

Para Rui Rio, a notícia visa contrariar a abertura que o Governo tem mostrado para uma gestão público-privada do aeroporto portuense, atribuindo à ANA a culpa da divulgação destes dados. Ao dizer que o aeroporto Sá Carneiro dava prejuízo, a ANA “teria como objectivo dizer que a separação não é possível”, concluiu, desresponsabilizando o Governo. “Não acredito que tenha partido do Governo, pois do ponto de vista político é dissonante. Se o aeroporto não dá lucro, a concessão era atribuída a custo zero”.

Belmiro é o próximo a reunir com JMP

Um estudo da Deloitte e da Faculdade de Economia do Porto (FEP), apresentado em Abril, defende que para um pequeno aeroporto europeu como o Sá Carneiro o modelo mais favorável é uma parceria público-privada, onde os interesses públicos de desenvolvimento regional sejam assegurados pelas autarquias. As conclusões do estudo afastam ainda a possibilidade de uma sociedade única poder gerir todos os aeroportos nacionais.

A reunião desta quarta-feira da JMP com a ACP encerra a primeira ronda de reuniões entre a junta e potenciais interessados na gestão do aeroporto Sá Carneiro. Seguir-se-ão reuniões com Belmiro de Azevedo para analisar a proposta da Sonae/Soares da Costa, que já deverá estar concluída, e, novamente, com a ACP e com a Associação Empresarial de Portugal.

Apesar do estudo da Deloitte e da FEP desaconselhar a gestão unicamente privada, a proposta da Sonae não contempla a parceria público-privada, mas sim uma total gestão privada no aeroporto, em conjunto com a Soares da Costa e, eventualmente, outros investidores privados.