O Ministério da Cultura conta ter a Casa das Artes no Porto recuperada até ao final do ano, de modo a poder receber um espaço de apresentação de cinema, à semelhança do papel desempenhado pela Cinemateca Portuguesa em Lisboa.

Na sequência da controvérsia em torno da abertura, ou não, de um pólo da instituição dirigida por João Bénard da Costa no Porto, o ministro da Cultura, José Pinto Ribeiro, já tinha afirmado que há verbas e vontade para levar a cabo as obras na Casa das Artes para criar um “pólo” da Cinemateca no Porto.

Segundo o director-geral das Artes, Jorge Barreto Xavier, que detém a tutela da Casa das Artes, já há um projecto do gabinete do arquitecto Eduardo Souto Moura para a requalificação do edifício que, apesar de ainda não estarem atribuídas, deverão estar concluídas antes do final deste ano. De acordo com Jorge Barreto Xavier, em declarações ao JPN, a Casa das Artes sofre de “sérios problemas de infiltrações” e necessita, também, que sejam criados acessos para deficientes.

Palavra “pólo” não é a mais adequada

Em relação à utilidade a dar a este equipamento cultural da cidade, a opinião é partilhada quer a nível de Direcção-Geral das Artes, quer a nível ministerial. “Pretende-se que seja uma estrutura autónoma [da Cinemateca], com uma programação adequada às necessidades da cidade”, diz ao JPN Rui Peças do Ministério da Cultura, sem adiantar, porém, em que moldes será feita essa programação.

“A ideia não é criar uma segunda Cinemateca, nem uma extensão desta, mas sim propiciar a presença do cinema no Porto”, diz Jorge Barreto Xavier, que acrescenta que é nesta aposta que se encontra “uma tendência de futuro”.

O director-adjunto da Cinemateca Portuguesa, Pedro Mexia, concorda com esta perspectiva, explicando que até “seria um pouco insultuoso” se a programação de uma instituição deste género fosse estabelecida a partir de Lisboa.

Mexia reconhece que que “a terminologia não é muito feliz” quando se utiliza a palavra “pólo” para classificar o que se quer criar no Porto, visto que o conceito remete para uma mais profunda ligação à Cinemateca do que aquela que é pretendida. “Queremos às vezes dizer coisas que significam o contrário do que dizemos”, explicou Mexia ao JPN.