Projecto vencedor

O primeiro prémio foi entregue ao arquitecto Pedro Balonas, cujo projecto prevê uma ponte pedonal entre as duas margens do Douro, um centro de artes nos armazéns de Miragaia, uma marina fluvial, um hotel no edifício da Alfândega, entre outros projectos. Se fosse aplicado inteiramente, custaria 386 milhões de euros (investimento público e privado) em 10 anos. Os 36 projectos admitidos a concurso, de 14 nacionalidades, estão patentes no átrio dos Paços de Concelho até 25 de Julho.

O presidente da Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), Arlindo Cunha, acredita que o Governo vai apoiar financeiramente a reabilitação da frente ribeirinha do Porto, à semelhança do que fez com a de Lisboa, para onde estão prometidos cerca de 400 milhões de euros do erário público. “São quase dois orçamentos anuais da Câmara do Porto”, denunciou o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio.

Depois da entrega dos prémios aos melhores projectos para a zona, conhecidos em Fevereiro, Arlindo Cunha disse aos jornalistas esperar que o Governo contribua com pelo menos 60% do investimento público total, seguindo, aliás, a estrutura societária da SRU (60% do capital provém do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 40% da autarquia).

“Há o investimento privado, mas há uma componente forte que é público. Obviamente que vamos ter que submeter a financiamento público e a parte maior terá que vir do Governo”, afirmou o presidente da SRU. Se assim não acontecer “seria uma discriminação” e uma situação difícil de sustentar, já que alterar a situação “em que estão as grandes cidades” sem apoio estatal “é incomportável com o estado das finanças locais”.

Durante a entrega dos prémios do concurso de ideias, Rui Rio denunciou o que diz ser a desproporção entre os investimentos nas frentes ribeirinhas das duas cidades (“Uns [Lisboa] com dinheiro e sem ideias, outros [Porto] com ideias mas sem dinheiro”) e voltou a vincar a importância da reabilitação urbana, até “para que o Porto possa combater o desemprego e conseguir algum crescimento económico”. O investimento, esse, deve depender mais dos privados, “da economia”, do que do Estado, que “não tem dinheiro”.

Plano pronto em 2009

Uma “caixa de cultura” inserida nas casas que pendem sobre o Douro, um centro educativo e de preservação sobre o rio e uma marginal repleta de árvores são algumas das muitas ideias resultantes do concurso e que podem vir a constar do documento estratégico para a reabilitação da frente ribeirinha do Porto, que deverá estar pronto em 2009.

O projecto vencedor, do arquitecto Pedro Balonas, será, naturalmente, valorizado, mas o projecto global incluirá contributos das várias propostas apresentadas a concurso e também da própria estrutura da SRU, disse Arlindo Cunha.

É um “trabalho complexo”, mas “seguramente em menos de um ano” estará aprovado o documento estratégico onde vão constar as intenções da SRU para aquela zona da cidade com 335 quilómetros quadrados, assegurou.