Foram cerca de 40 mil as pessoas que compareceram em Oeiras para ver os regressados Rage Against The Machine, que não desiludiram. The Hives, Gogol Bordello, The National ou Spiritualized foram outros dos grandes nomes a pisar o palco principal esta quinta-feira, no primeiro dia do Festival Optimus Alive!.

Num cartaz de peso, que já mereceu o elogio da imprensa internacional como a revista inglesa “Uncut” e que conta com nomes como Bob Dylan e Neil Young, era da banda californiana que todos falavam. A expectativa era tão alta quanto a saudade de quem viu uma das maiores bandas dos anos 90 separar-se há cerca de oito anos.

Reunidos em 2007 para um concerto “teste” ao que a banda ainda era capaz de fazer, a resposta do público não deixou dúvidas e os RATM voltaram finalmente a Portugal depois de um longo jejum de 11 anos. O concerto em Oeiras comprovou: a banda de Los Angeles está em grande forma.

Esta “Battle of Lisbon” contou com quase todos os hinos. Coube a “Testify” abrir as hostes e o mosh, que rebentou um pouco por todo o lado. “Bombtrack” foi o antecedente perfeito da explosiva “Know Your Enemy”, um dos momentos altos. Houve ainda energia para saltar ao som de “Bullet In The Head”, “Guerilla Radio” ou “Sleep Now In The Fire”.

O encore foi curto mas memorável. A Internacional Socialista entreteve as cerca de 40 mil pessoas presentes no recinto enquanto a banda não regressava ao Palco Optimus. O vocalista Zack De La Rocha voltou para dedicar “Freedom” a José Saramago. O momento pelo qual todos esperavam (e temiam, por significar o fim do concerto) viria a seguir com o hino “Killing In The Name”.

Sérgio Filipe esteve no concerto de 1997 e assistiu ao regresso dos RATM. “A intensidade e relevância da banda estão no mesmo sítio de há 11 anos, ambos os concertos foram memoráveis”, disse ao JPN.

O culto dos National e o punk cigano

Este primeiro dia do Alive já permitiu perceber que as horas não vão chegar para ver tudo o que se gostaria no festival. No dia inaugural, houve escolhas para todos os gostos, de estilos tão diferentes como a electrónica dançável dos Hercules and Love Affair ou o punk cigano dos animados Gogol Bordello.

Havia alguma expectativa para conhecer ao vivo os MGMT, de Brooklyn, que a revista “Rolling Stone” colocou entre as 10 bandas a não perder em 2008. Aproveitando o cancelamento dos brasileiros Cansei de Ser Sexy, os MGMT começaram o concerto um pouco mais tarde do que o previsto. Ao mesmo tempo, no palco Optimus, os melancólicos The National confirmavam o culto em Portugal. “Secret Meeting”, a belíssima “Fake Empire” e, a fechar, “Mr. November” fizeram as delícias dos fãs. Matt Berninger, o vocalista, ainda agradeceu a um fã, “Mr. Rodrigues”, por uma carta que enviou à banda.

O palco Optimus foi depois povoado por uma multidão de músicos e instrumentos. O punk cigano dos Gogol Bordello, do alucinado Eugene Hütz, conseguiu pôr fãs dos mais diferentes estilos a dançar e a saltar.

“Isto é rock ‘n’ roll”

Pelle Almqvist, o vocalista dos The Hives, deixou o aviso: “Isto é rock ‘n’ roll e se não gostam de rock ‘n’ roll podem-se pôr a andar”. Num bom concerto, Pelle reagiu ainda a alguns insultos, típicos de festival, convidando dois fãs dos RATM a um frente-a-frente no backstage: “Quem achar que eu dou conta deles ponha a mão no ar”, desafiou.

Os provocadores Kalashnikov, do controverso Jel, os Spiritualized (num ambiente talvez pouco propício para o seu estilo) e os Vampire Weekend, que atraíram bastantes fãs e curiosos, figuraram também no alinhamento de quinta-feira.

Apesar da ameaça de mau tempo ao final da noite, das filas intermináveis para jantar ou para levantar dinheiro, a expectativa criada em relação à volta deste evento, que conta apenas com dois anos de vida, não ficou, de todo, defraudada. Esta sexta-feira será a vez de Bob Dylan mostrar por que é que ainda merece a admiração dos fãs.