Em Março, depois de nove meses de impasse na sequência das eleições legislativas, a Bélgica finalmente teve um novo governo. Esta segunda-feira à noite, quatro meses depois de tomar posse, o primeiro-ministro Yves Leterme apresentou a sua demissão ao rei Alberto II, que ainda não a aceitou.

O país que serve de base às instituições europeias e de exemplo a toda a União Europeia volta a entrar em crise política.

O pedido de demissão de Leterme deveu-se a um prazo que este tinha estabelecido (15 de Julho) para conseguir avançar com reformas na relação entre o Estado federal e as províncias, divididas entre a Flandres (de língua flamenga) e a Valónia (de língua francesa).

“Apesar de todos os esforços e toda a perseverança, o primeiro-ministro acredita que o prazo previsto para o acordo governamental não foi respeitado”, indicava o comunicado do gabinete de Leterme, citado pelo jornal online EUObserver. “As visões opostas das comunidades para a criação necessária de um novo equilíbrio na construção do nosso Estado são hoje irreconciliáveis”.

A ideia de Leterme era devolver às províncias poderes que anteriormente detinham, particularmente a nível financeiro, no sentido de dar às regiões a autoridade para taxarem os cidadãos, em vez de ser uma tarefa do Estado central. Esta medida, pretendida pela Flandres, província mais rica, é vista pelo lado francês como uma ameaça.