O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, quer que as causas do acidente desta sexta-feira na Linha do Tua sejam conhecidas dentro de um prazo máximo de 30 dias, mas o relatório preliminar deverá ser conhecido já na próxima terça-feira. O Governo ordenou o encerramento temporário da quase totalidade do troço ferroviário até que se apurem as causas do sinistro que fez uma vítima mortal.

O encerramento definitivo “é uma hipótese”, mas só “se não houver alternativas”, afirmou Mário Lino. O troço entre Mirandela e a estação do Cachão, com 15 dos 60 quilómetros da extensão total da linha, vai manter-se em funcionamento, segundo a Lusa.

Sobre o facto de este ser o quarto acidente na linha no espaço de um ano e meio, Mário Lino disse aos jornalistas que os dois primeiros (em Fevereiro de 2007 e Abril deste ano) tiveram como causas motivos geotécnicos. O ministro espera ainda pelas conclusões da investigação às causas do terceiro sinistro, no passado mês de Junho, cujo primeiro relatório “não foi conclusivo”.

Segundo o ministro, a linha foi inspeccionada poucas horas antes do acidente desta sexta-feira. “A nossa confiança é tão grande que ainda ontem [quinta-feira] a secretária de Estado [dos Transportes] viajou lá”, referiu. Em declarações à Sic Notícias, o director de gestão de operação da Refer, José Manuel Tomé, também garantiu que a linha mantém os níveis de manutenção adequados.

“Os Verdes” e movimento cívico estranham tantos acidentes

O Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT) acredita que há motivos para que a Polícia Judiciária e o Ministério Público investiguem as causas do acidente. “Não acreditamos em coincidências”, disse ao JPN Daniel Conde, do MCLT, referindo-se aos “acidentes em catadupa” que têm acontecido na Linha do Tua.

“Isto não é normal”, afirma o membro do MCLT, movimento que defende a manutenção da linha e que se opõe ao projecto de construção de uma barragem na foz do rio Tua, que poderá implicar a submersão de uma parte deste troço de ferrovia.

Em comunicado, o MCLT lembra que a Linha do Tua “registou em 120 anos de exploração um único acidente mortal. Desde que a construção da Barragem do Tua ganhou o apoio da EDP e do Governo somam-se quatro acidentes, lamentando-se a perda de quatro vidas”. “Consideramos que a situação actual da Linha do Tua é muito grave e, em consequência, o MCLT faz um forte apelo à intervenção imediata da Polícia Judiciária e do Ministério Público para investigar profundamente as causas destes acidentes que não se valem de meras e infelizes coincidências, mormente pelo conflito de interesses existente”.

Também o Partido Ecologista “Os Verdes” manifesta, em comunicado, “estranheza” perante a “sucessão de acidentes na Linha do Tua, ora por uma razão ora por outra”.

Daniel Conde defende que a Refer deve fazer reforçar a segurança da linha, considerando que o investimento de dois milhões de euros em obras de consolidação e reparação da linha, feito em 2006, não é “nada de extraordinário”. Trata-se de um “serviço público, não é uma linha turística qualquer”.