O relatório preliminar da comissão técnica de inquérito incumbida de investigar as causas do acidente de 22 de Agosto na Linha do Tua, que fez um morto e vários feridos, é inconclusivo. “O relatório preliminar, elaborado num curto espaço de tempo, não permitiu ainda determinar as causas que originaram o descarrilamento”, refere o Ministério dos Transportes, em nota divulgada esta quarta-feira.

Depois de ter recebido o relatório, o ministério voltou a pedir à comissão que “recorra a todos os meios e apoios especializados para que, no prazo de 30 dias, apresente um relatório final conclusivo”.

Será solicitada uma “intervenção especializada” à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), “nomeadamente para a avaliação do estado da via férrea de acordo com os padrões de segurança exigíveis e a adequação do material circulante às condições físicas da via”.

“Os Verdes” querem Mário Lino na AR

Após o acidente, o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, em declarações à SIC Notícias, estranhava “a ocorrência de tantos acidentes nos últimos tempos num local em que a segurança é controlada pela CP e pela Refer”. Trata-se do quarto acidente nesta linha no espaço de ano e meio – o mais grave ocorreu em Fevereiro de 2007 e fez três mortos.

Para produzir o relatório preliminar, a comissão de inquérito “inspeccionou o local do acidente e o material circulante envolvido e analisou os relatórios técnicos elaborados pelas entidades responsáveis pelo funcionamento da linha, nomeadamente a REFER, a CP e a EMEF [Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário], tendo igualmente solicitado já informações adicionais a essas mesmas empresas”, refere o comunicado.

Segundo o “Público”, as várias entidades asseguraram que, aquando do acidente, tudo estava bem da parte que lhes diz respeito. O jornal aponta ainda um obstáculo à realização do relatório preliminar: o disco que mede a velocidade da automotora foi recolhido pela GNR, que o entregará apenas ao Ministério Público.

Em comunicado, “Os Verdes” referem que, “se as causas do acidente forem exteriores à responsabilidade das empresas”, é estranho que “o espaço circundante do acidente e a própria carruagem não tenham sido devidamente salvaguardados para possibilitar uma recolha de provas fidedigna”.

“Para que a culpa não morra solteira”, o partido considera que “o Governo deve explicações claras e convincentes aos portugueses”. Por isso, propôs, esta quarta-feira, ao Presidente da Assembleia da República que na próxima conferência de líderes seja feito o agendamento, para a reunião da Comissão Permanente de 9 de Setembro de “um debate onde o ministro Mário Lino venha prestar um esclarecimento rigoroso sobre o acidente na linha do Tua”.

O partido vai também requerer a entrega dos relatórios aos dois acidentes anteriores, que, segundo Mário Lino, não foram conclusivos quanto às causas dos acidentes.