Cápsula regressa intacta

StraplexO Straplex é uma cápsula com o formato de um prisma hexagonal, 30 a 50 centímetros de altura e pouco mais de três quilos. Voa equipado com computador de bordo, telemetria, sistema de navegação e sensores de temperatura, pressão e outras condições ambientais. O lançamento é feito com a ajuda de um balão de hélio, que o transporta a 30 quilómetros de altura, ultrapassando 99% da massa da atmosfera que protege a vida na Terra. Uma hora e meia depois, a cápsula regressa, intacta, com um pára-quedas.

A cápsula Straplex parte segunda-feira, pelas 7h, do Aeródromo Municipal de Évora, rumo à estratosfera. O projecto, da responsabilidade da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e da Agência Espacial Europeia (ESA), leva a bordo experiências de equipas da Suécia, Bélgica e Espanha, formadas por estudantes universitários e pré-universitários, seleccionadas após um processo de candidaturas.

Criado em 2005 pelo Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da FEUP, o Straplex (Stratospheric Platform Experiment) tem já um historial de cinco lançamentos de teste, nos quais já voaram algumas experiências (entre elas estava o estudo dos efeitos da baixa pressão na vida dos bivalves).

Desta vez, cumpre-se a “dimensão de serviço público” do projecto, que abriu a possibilidade a equipas de toda a Europa de fazerem experiências científicas em condições quase orbitais, explica o coordenador do Straplex, Sérgio Reis Cunha. Foram, aliás, as possibilidades de utilização do engenho da FEUP em contexto escolar que cativaram o departamento de educação da ESA.

Ao contrário da maior parte dos dispositivos com a mesma função, este é “totalmente recuperável”, “o que torna as experiências muito mais valiosas”, diz o docente da FEUP. O Straplex regressa intacto ao solo, munido de fotografias, registos de padrões de temperaturas, o percurso exacto do voo, entre outros dados.

Aplicações comerciais

No Straplex vão viajar diversas experiências. As equipas suecas, pré-universitárias, querem estudar o efeito das condições estratosféricas sobre alguns compostos orgânicos. Já a belga, também pré-universitária, desenvolveu um contador Geiger para medir o nível de radiação. A equipa espanhola, da Universidade Miguel Hernández, vai testar o impacto das condições estratosféricas sobre um tipo específico de circuito integrado que pretendem integrar num satélite.

Este lado académico do Straplex é para continuar, mas o engenho tem potenciais aplicações comerciais, que a equipa da FEUP ainda não planeia executar. Segundo a faculdade, a cápsula pode vir a ser utilizada para testes em áreas como a óptica, a indústria aeronáutica, as telecomunicações e a área militar.