O vereador socialista na Câmara do Porto Francisco Assis considera que a ruptura da Câmara do Porto com a empresa TCN no processo do Mercado do Bolhão é “resultado de um erro inicial”. “Não é coisa que me surpreenda. É o resultado de um erro que a Câmara do Porto cometeu: não definiu o programa para o concurso, deu uma margem de manobra muito grande [aos concorrentes]”.

Como resultado desse “erro”, diz Assis, surgiram “projectos inaceitáveis”, nomeadamente o da TCN, que teve a “resistência” do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR). Neste contexto, o socialista sugere que a autarquia tenha a “humildade de voltar ao ponto zero” e encontre uma forma de reabilitar o mercado, sem o descaracterizar.

Para tal, Francisco Assis refere que o Estado deve participar neste processo, que, porém, terá que ser liderado pela autarquia. O Bolhão é “património nacional, não apenas da cidade”. Para encontrar financiamento deve ser equacionada uma candidatura ao QREN ou mesmo um empréstimo bancário por parte da câmara, equaciona.

“Estrondosa derrota”

Foi pelo JPN que Palmira Macedo, vereadora do PS, e Rui Sá, da CDU, ficaram a saber da decisão da autarquia de romper o acordo com a TramCroNe (TCN), divulgada esta quarta-feira em conferência de imprensa.

Palmira Macedo, do PS, lamentou ter sabido da notícia pela comunicação social, e não na reunião de câmara da próxima terça-feira, como estava previsto.

Já Rui Sá, da CDU, afirmou ao JPN que “Rui Rio devia tirar as ilações deste fracasso”. “É uma estrondosa derrota do doutor Rui Rio e da maioria PSD/CDS que apostaram sozinhos numa soluções que não se veio a concretizar”, disse. Para o comunista, confirmam-se os seus receios iniciais: “a Câmara do Porto não acautelou os seus próprios direitos”.

A solução para o Bolhão, diz Rui Sá, passa por mantê-lo como mercado tradicional, recorrendo a outras formas de financiamento que não investidores privados, nomeadamente o QREN.

“Vitória do Porto”

A Plataforma de Intervenção Cívica (PIC), que se opunha ao projecto da TCN, diz que esta é “uma vitória do Porto”. “Nesta fase do processo, em que câmara e TCN se contradiziam, o melhor era anular o contrato. A câmara acabou por dar razão à plataforma”, reagiu José Maria Silva, ao JPN.

A PIC tem defendido que se aplique o anterior projecto de recuperação do Bolhão, gizado em 1998 pelo arquitecto Joaquim Massena após encomenda do então Executivo municipal (rejeitado pelo actual presidente, Rui Rio). Porém, José Maria Silva diz agora que a plataforma está disponível para debater e contribuir para qualquer solução que “salvaguarde o património e os interesses dos comerciantes”.